Hugo (2011)


Direção: Martin Scorsese
Roteiro: Josh Logan baseado em livro de Brian Selznick
País: EUA

Primeiro filme em 3D de Martin Scorsese. Pelo trailer, parece um filme infantil qualquer e todos se espantam ao ver o nome de Scorsese. Por que raios ele está fazendo um filme em 3D e por que raios assim? Mas vocês se enganam. Scorsese dá conta do recado mais uma vez.

Hugo é um orfão que mora dentro dos enormes relógios de uma estação de trem em Paris, 1930. A única coisa que ele tem de seu pai (Jude Law, que aparece pouco) é uma espécie de boneco/robô incompleto. Logo no começo do filme, Hugo, junto de Chloe Moretz, soluciona esse mistério mas apenas para encontrarem outro. O robô foi programado para desenhar uma imagem num papel. Ele desenha. Mas o que aquilo significa? Qual a ligação disso com Hugo e seu pai?

O 3D ficou ótimo. Logo nas primeiras cenas, planos abertos da estação, percebemos que Scorsese não está brincando. Tudo é muito bem feito e sabiamente usado (como acontece em The Cave of Forgotten Dreams). Outro ponto bom de Hugo são os dois coadjuvantes Sacha Baron Cohen, como o guarda da estação e essencialmente o vilão, e Ben Kingsley, como tio de Chloe e mecânico da estação.


É difícil falar mais sobre o filme sem dar spoilers importantes então fico por aqui. Só digo isto: se você é interessado ou sabe sobre a história do cinema, veja esse filme! Manly tears são garantidas.

Nota 9.2

Margin Call (2011)

Direção: J.C. Chandor
Roteiro: J.C. Chandor
País: EUA

Margin Call fala sobre os homens que previram a crise econômica de 2008.

Tudo aconteceu quando, em um dia qualquer, uma empresa financeira despedia 80% de um dos seus setores. O chefe do setor inclusive, Stanley Tucci, é um deles. Minutos antes de ir embora, porém, ele dá um pendrive com todas informações sobre seu atual projeto, que não irá conseguir acabar pois foi demitido. Quem recebe as informações é Zachary Quinto, um dos pupilos de Stanley. Assim que o pendrive é entregado, Stanley diz "tenha cuidado." Curioso, Quinto resolve trabalhar sem parar no projeto enquanto seus amigos Paul Bettany e Penn Badgley saem pra beber pra comemorar não terem sido despedidos. Algumas horas de análise e projeções depois, Quinto chega a uma terrível conclusão. Imediatamente ele liga pros dois e a partir daí começa uma reação em cadeia de cada um ligando pro seu respectivo chefe para alertá-los da situação. Mas de uma coisa todos sabem: vai dar merda.

Com um elenco fortíssimo (Zachary, Penn, Stanley, Paul, que já mencionei, mais Kevin Spacey, Demi Moore e Jeremy Irons), Margin Call consegue passar com sucesso a sensação de "estamos na beira de uma crise econômica." Logo no começo, quando é apenas o trio inicial que sabe das más notícias, dois deles estão num carro voltando pro escritório. Zachary nota as pessoas na rua, na noite, normalmente, se divertindo, como de costume. Ele diz "olha pra essas pessoas, elas não fazem a menor ideia do que vai acontecer." O filme também tem dois discursos marcantes, sobre, digamos, a filosofia da economia, um por Paul e um por Jeremy no final. Afinal, quando se é o primeiro grupo de pessoas a ter informações como estas, certas ações podem (ou devem) ser tomadas, tudo depende da ética. "Temos que fazer a coisa certa" mas "a coisa certa pra quem?".

Nota 8