Dias Incríveis (2003)

Título Original: Old School
Direção: Todd Phillips
Roteiro: Todd Phillips e Court Crandall
País: EUA

Então, lembra quando saiu Se Beber, Não Case que no cartaz dizia "do mesmo diretor de Old School"? Aí você pensava "OK, que porra de filme é esse?" Enfim, eu vi.

A proposta de Dias Incríveis (tradução horrorosa) é simples. Sabe aquelas frat houses dos EUA? Não? Eu explico. Frat Houses são aquelas casas ocupadas por estudantes americanos, onde rolam festas e tudo mais. Com nomes de letras gregas. Se você já viu alguma comédia colegial babaca, você sabe o que é. Elas normalmente são habitadas por descolados. Então, como seria se uma casa dessas fosse dirigida por um grupo de adultos, com o mínimo de relação com a faculdade colégio possível?

O trio é Will Ferrel, Vince Vaughn e Luke Wilson. Belíssimo tiro, eu diria. O apaixonado que acabou de casar mas já sente falta da vida de solteiro, o casado faz tempo mas que não aguenta mais e o nice guy. Nessa ordem. É sempre assim. Mas isso não é ruim. Old School tem piadas excelentes (eu ri muito de três, particularmente), mas ele não me convenceu muito, não.

Quando vi, jurava que o filme era dos anos noventa, mas aí vi que era de 2003. Impressionante como o senso de humor desse tipo de comédia mudou desde então. Ainda bem.


Ah, uma coisa curiosa: acho que esse foi o filme que disparou a Elisa Cuthbert (Show de Vizinha). Essa informação é relevante para alguns.

Nota 7.6

O Ódio (1995)

Título Original: La Haine
Direção: Mathieu Kassovitz
Roteiro: Mathieu Kassovitz
País: França

Eh, esperava bem mais.

O Ódio fala sobre conflitos entre a lei (polícia, governo, etc.) e seu "inimigo" (gangues, criminosos). São três protagonistas: Vinz (Vincent Cassel), Saïd e Hubert. A sociedade, do filme, um dos destaques, é interessante. Mostra guetos e suas relações nada amigáveis com intrusos, digamos. A história começa de verdade quando um policial perde uma arma e Vinz acha. Logo, ele vira um dos caras mais "respeitáveis" de lá, pois pouca gente possui esse tipo de equipamento. Tão diferente do Brasil, heh.

Mathieu Kassovitz é um David Ayer (Dia de Treinamento, Tempos de Violência) francês. Os filmes são muito parecidos e isso passa longe de ser ruim.

Also, Vincent Cassel é muito foda. Quero ser como ele quando crescer.


Nota 8.3

Coco Antes de Chanel (2009)

Título Original: Coco Avant Chanel
Direção: Anne Fontaine
Roteiro: Edmonde Charles-Roux e Anne Fontaine
País: França

Queria ver desde que saiu esse cartaz. Muito bom! O filme é massa também.


Coco Antes de Chanel conta a história de Coco Chanel e como ela começou o legado dessa famosa marca. Órfã, ela viveu quase com sua irmã. Ganhou o apelido de Coco por causa de um ato musical que fazia em um bar. Ela sempre foi direta e quieta. Gostava de costurar e, heh, falar mal das roupas de mulheres ricas. O que lhe deu um gosto peculiar e elegante para a moda. Um dia, ela conhece um ricaço com conexões e acaba indo morar com ele.

Uma coisa curiosa nesse filme é que, no final, algo acontece e Coco se volta inteiramente pro trabalho. Makes you wonder que, se não tivesse acontecido, ela não teria feito o que fez. Ou tanto. Ou tão bem. Enfim..

Nota 7.5

Caché (2005)

Título Original: Caché
Direção: Michael Haneke
Roteiro: Michael Haneke
País: França

Outro filme que eu queria ver faz tempo. Nesse, depois de ver, notei que tem uma certa polêmica na internet / lugares de discussão. Mas falarei sobre o que Caché se trata antes.

Um casal começa a receber fitas VHS deles sendo filmados na frente de casa (Lost Highway, alguém?). Horas e horas de fita mostrando somente a residência dos dois. Junto com as fitas, desenhos estranhos. Alguns dias depois, o homem do casal (Georges, o personagem, um ator muito bom que já vi outro filme francês excelente chamado O Adversário) começa a ter uns sonhos sobre a sua infância. E então ele cria suspeitas. Resolve seguir um endereço que uma das fitas mostrava e encontra um "amigo de infância." E então o filme começa.

Então, a polêmica (que me levou a uma discussão interessante sobre cinema com um amigo) é a seguinte: o diretor não esclare um dos mistérios do filme. Isso faz, naturalmente, com que muita gente não goste do filme. Tipo, o filme tá indo e de repente acaba. As pessoas detestaram. Por outro lado, tem quem não se importe com isso. Um final "incompleto" não acaba com um filme. E, sinceramente, eu acredito nisso. Não achei o final horrível, mas dá, sim, uma sensação de inconcluso.


O mérito de Caché está durante o filme inteiro. A maioria de vocês sabe que tenho a mania de dizer a palavra "tenso", mas esse é o melhor adjetivo para descrever Caché. O filme tem duas cenas bem.. pertubadoras, digamos, também. Ambas envolvem violência. Uma animal e outra é um suicídio. Muito foda, inesperada e realista a cena. Eu fiquei minutos boquiaberto.

Tenso. In a very, very good way.

PS: Cartaz feio.

PS2: Criei tag pro Haneke pois esse é o segundo filme dele que vejo (sendo o primeiro a versão americana de Funny Games) e pretendo ver mais. O cara é foda.

Nota 9

Zumbilândia (2009)

Título Original: Zombieland
Direção: Ruben Fleischer

Roteiro: Rhett Reese e Paul Wernick

País: EUA



Sim, outro filme que eu queria ver desde que soube da sua existência. Internet, eu te amo.

Zumbilândia é uma comédia romântica adolescente. No meio de um apocalipse zumbi.


Jesse Eisenberg (nome do ator, que também fez Adventureland) é um jovem nerd clássico. Ele passa o dia em casa jogando WoW, não tem amigos IRL e, bem, é basicamente isso. Ele mora sozinho e sua família em outra cidade. Então um dia acontece o apocalipse zumbi e ele é forçado a sair de casa e viver lá fora. Por ser uma cara.. relativamente frio que nunca teve contato humano de verdade, ele se dá bem nesse lance de sobreviver. Ele cria uma lista de regras chamada, se lembro bem, de "Guia de Sobrevivência em Zombieland". Elas, as regras, vão sendo citadas durante o filme todo e isso é muito legal. Coisas como: sempre verificar se o zumbi morreu mesmo, conferir o banco de trás, ter cuidado com banheiros, etc. O novo objetivo de vida de Jesse é ir na cidade dos pais ver se eles estão bem.

Então um dia ele encontra outro sobrevivente, ninguém menos que Woody Harrelson. Woody, assim como Jesse, nunca gostou muito de se relacionar com pessoas, muito menos agora numa situação dessas, então eles logo se dão apelidos. O jovem é Columbus e Woody é Tallahessee. Os destinos de ambos, na verdade. Eles não se dão muito bem no começo, mas they grow on each other. Inclusive, graças a Woody, Jesse cria uma regra no guia. A regra 32. "Aproveite as pequenas coisas." É o fim do mundo, afinal. Roube os vizinhos, ande na velocidade que quiser, quebre algumas janelas.


Eles acabam conhecendo outros sobreviventes. Duas meninas, Wichita (a Jules de Superbad) e Little Rock (a garotinha de Pequena Miss Sunshine). Novamente, nomes de lugares. Naturalmente, Jesse começa a gostar de Wichita. Mas, bom, isso é apenas o começo do filme.


Zumbilândia é sensacional. Sabe aqueles filmes que dão vontade de viver dentro do mundo que ele cria? Pois é. O mundo tava precisando de outra comédia de zumbis foda.

Nota 9.2

Lunar (2009)

Título Original: Moon
Direção: Duncan Jones

Roteiro: Duncan Jones e Nathan Parker

País: UK


Outro filme que eu queria ver desde que foi anunciado. Obrigado, internet.

Sam Rockwell está trabalhando na Lua. Sozinho. Por três anos. Pequena backstory: humanidade tem bases na Lua que geram energia para a Terra. As bases mal precisam de mão-de-obra, tanto que um cara dá conta do negócio. Mas aí, quando faltam poucas semanas para Sam finalmente voltar pra casa, começa a dar uma de Ilumin-, digo, ele começa a ficar meio louco. Mesmo tendo a companhia do computador inteligente Gerty (com a voz de ninguém menos que Kevin Spacey!). 2001, alguém? Kubrick much? OK, OK, parei.

A história de verdade começa quando ele tá fazendo uma operação de rotina com um veículo enorme e estranho, quando de repente ele tem alguma alucinação e sofre um acidente. Tanto tempo depois, ele acorda numa cama da base, com o computador falando o que aconteceu. Ele sugere ir no mesmo lugar investigar, mas o conselho diz que não é uma ideia e Gerty o proíbe de ir. Ele acaba indo e lá encontra o seu traje de astronauta.. consigo dentro dele. E AÍ O FILME COMEÇA.


Bom, na verdade, apesar do que falei no primeiro parágrafo, eu achei Lunar um filme ótimo. A semelhança com 2001 é logo descartada pois vemos que Gerty tem o objetivo de ajudar Sam sempre que possível, unlike HAL que se julga melhor que os humanos. Lunar é um daqueles sci-fi que você pensa "ei, isso pode acontecer um dia" quando acaba. O que não necessariamente é uma boa coisa.

Nota 8.8

Katyn (2007)

Título Original: Katyn
Direção: Andrzej Wajda

Roteiro: Andrzej Mularczyk e Przemyslaw Nowakowski
País: Polônia



Taí um filme que eu queria ver faz tempo. Obrigado, Telecine.

Como diz o cartaz, Katyn conta sobre um massacre russo na Polônia durante a segunda guerra. Bom, infelizmente eu não sei mais o que contar sobre o filme. Ele me deixou a reflexão que também tive quando li V de Vingança: é impressionante o que as pessoas podem fazer só por que as mandaram. A frieza dos soldados enquanto executam centenas de vidas é muito bem retratada aqui. Tiro na nuca, jogar o corpo no buraco, repetir.

Dê-me um militar em tempos de guerra e te dou um genocida.


Nota 9.

Gente Engraçada (2009)

Título Original: Funny People
Direção: Judd Apatow

Roteiro: Judd Apatow

País: EUA



Eis um filme que eu queria ver faz tempo! Funny People é o novo filme de Judd Apatow (Superbad, Knocked Up, etc.) e eu tava bem ansioso. Pois o filme não decepciona em nada!

Como o próprio nome diz, Gente Engraçada fala sobre comédia. Comediantes. Profissionais, milionários, stand-ups, amadores, gente que implora por algumas risadas de suas piadas supostamente boas. Ira (Seth Rogen) é um desses últimos, faz stand-up e tudo mais. Ele mora com Leo (Jonah Hill) e Mark (Jason Schwartzman). Que trio foda, por sinal, hein. Comediantes judeus FTW. Mark já trabalha num seriado de comédia babaca tipo Escolinha do Professor Raimundo (sério) e Leo é um meio termo entre os dois.

Uma característica dos filmes do Judd Apatow, como bem disse um amigo meu, é uma certa melancolia que paira pelo ar. Em Superbad ela é muito clara (a separação entre Michael Cera e Jonah Hill) e em Funny People o papel é de George Simmons (Adam Sandler). Ele também é comediante, mas ele é como se fosse um Jim Carey do universo desse filme. Ou seja, um cara muito, muito famoso por suas comédias. Bom, então George Simmons descobre que tem uma doença terminal e tem pouco tempo de vida. Isso, naturalmente, o muda bastante; ele assume um humor mais negro nos stand-ups (comediante bom mesmo nunca para de fazê-los) e essas coisas. Então um dia ele conhece Ira nos bastidores uma vez e George resolve contratá-lo como assistente/escritor de piadas. Ira, sem pensar duas vezes, aceita. E Gente Engraçada é sobre isso.


Por mais que a gente dê muitas risadas com esse filme, não tem como não pensar sobre a vida e sobre as pessoas que encontramos durante ela. O mesmo acontece com Superbad, na minha sincera opinião. Isso é uma característica única dos filmes desse cara. E, ei, já estou com vontade de rever Funny People.


PS: Eu odeio o Adam Sandler e sei que não sou o único, mas nesse filme ele tá decente.


Nota 8.8

Bastardos Inglórios (2009)

Título Original: Inglorious Basterds
Direção: Quentin Tarantino
Roteiro: Quentin Tarantino
País: EUA / Alemanha


Lindo.

Bastardos Inglórios conta a história de um grupo secreto de americanos (liderados por Brad "Aldo" Pitt) que, "contratados" pela Inglaterra, os ajudava a matar nazistas. Eles então encontram uma menina judia (como eles) que conseguiu escapar dos caras malvados quando criança. Ela acaba sendo forçada a ser amiga de uns nazistas (um se apaixona por ela) e eles resolvem fazer um evento no cinema dela, onde ela pretende sua vingança, com ajuda dos Bastardos. Bom, é basicamente isso. Como é bom ver material novo do Tarantino. Desde o primeiro diálogo, nota-se suas características no filme. Diretor foda é foda.

Ah, uma coisa que juro que pensei durante o filme. Sabe quando fazem filmes, digamos, históricos, os cineastas sempre querem deixar tudo muito fiel ao passado, certo? Ou seja, as pessoas se comportam da mesma forma, em todos os filmes. Bastardos Inglórios difere nisso, o que deixa tudo mais divertido.

Nota 9.3

Distrito 9 (2009)

Título Original: District 9
Direção: Neill Bloomkamp
Roteiro: Neill Bloomkamp e Terri Tatchell
País: EUA / Nova Zelândia


Finalmente! Você provavelmente já leu críticas desse filme falando que é um dos sci-fi mais originais dos últimos X anos. E isso é fato.

Distrito 9 é um pedaço da África do Sul habitado por, bem, aliens. Tudo aconteceu quando surgiu uma nave enorme na região, onde ela simplesmente parou de funcionar, no ar. Então os ETs desceram (estou especulando) mas logo foram recebidos pela hostilidade humana. Depois de um tempo de combate, a humanidade resolveu deixá-los lá, em espécies de favelas. Naturalmente, muita gente protesta ("o planeta é nosso!1"), mas grupos também defendem a estranha espécie. Um dos motivos pelo qual, sei lá, os humanos não explodem o lugar inteiro é ele contém armamento alienígena, o que, claro, atrai as pessoas sedentas de poder e tal.

O filme começa como uma espécie de documentário, seguindo um grupo da MNU (Multi-National United) que pretende mudar os ETs de posição para um outro lugar mais.. deserto. Então eles começam a ir de casebre em casebre, sendo gentis com os aliens, mas, claro, altamente armados. Em certo momento, porém, o líder dessa tarefa (um cara bem humilde, simpático e otimista) é exposto a um líquido ET bizarro e começa a sofrer lentamente uma mutação estranha. Ele acaba se separando do grupo de humanos e assume um braço alien. Logo, está sendo perseguido pela MNU e pelas pessoas, ou querendo matá-lo ou querendo saber como ele conseguiu um braço desses. Afinal, as armas alienígenas só funcionam quando identificam o DNA do ET enquanto a manuseia.


O filme é tenso. Ver o cara lutando para que tudo volte ao normal, assim como os aliens tramando ligar a nave de novo para ir embora e voltar para ajudar seu povo (e/ou destruir a raça humana). As barreiras que seres cruzam para salvar seus semelhantes, enquanto outros, para salvar somente a eles mesmos, fazem coisas absurdas.


Realmente, um grande filme de ação e ficção científica. Vejam.

Nota 9

Ano Um (2009)

Título Original: Year One
Direção: Harold Ramis
Roteiro: Harold Ramis e Gene Stupnitsky
País: EUA


Heh.

Jack Black e Michael Cera são dois caras estranhos (e losers) que fazem parte uma pequena vila, no meio do nada, muitos e muitos anos atŕas. Um dia, porém, Jack come uma Fruta Proibida e é banido. Michael Cera, naturalmente, o acompanha e então eles partem em uma jornada pelo mundo afora, onde encontram diversas figuras famosas como Cain, Abraão, entre outros.

Bom.. Não tem bem o que falar sobre o filme. É o humor de sempre, situação inusitada. Por exemplo, em uma cena, Cera está conversando com a menina que gosta (que virou escrava) e ele pergunta algo como "então, que horas você sai daqui?" e ela responde "eu não saio; eu sou uma escrava." Mas Ano Um é bem divertido. Dá pra rir bastante. Destaque para os papéis de Paul Rudd e Olivia Wilde.

Nota 8.4

2001: Uma Odisséia no Espaço (1968)


MINDBLOWNINGLY EPIC.


Sim, antes de mais nada, sou forçado a começar com o seguinte: eu nunca tinha visto 2001. How's that for a falha de um cinéfilo? Ainda existem zilhões de clássicos que ainda não vi (o que me fez criar o nome dessa sessão, aliás) e eu os verei, eventualmente. Não sei por que raios eu resolvi ver 2001 agora mas, oh Dear God, ainda bem que eu o fiz. Ninguém pode se considerar um fã de ficção científica se nunca viu esse filme. Muito menos um fã de Kubrick. 2001 é icônico, histórico e inesquecível. Tudo, agora, pra mim, mudou. Não faço nem ideia por onde começar. Eu ia só dar a nota, mas seria injustiça. Bom, pra mim, o filme claramente é dividido em três partes. The Dawn of Man, a metade e Jupiter and Beyond the Infinite. Assim, então, farei três parágrafos principais; um sobre cada.

2001 começa numa época interessante; quando a raça humana nem existia ainda. E é nesse pedaço que o filme tem algumas de suas cenas mais marcantes (citarei duas). Uma delas sendo momento também histórico para as espécies. Quando é descoberta a "tecnologia", no sentido de algo que ajude e melhore. No caso, a arma. Um dos primatas analisa uns ossos de alguma presa morta. Ele pega um osso e começa a brincar com ele. Bate com ele nos outros. Faz uma bagunça. Essa é a primeira cena famosona. Todo mundo já a viu. Então um dia, quando ele e seu grupo se vê em confronto com uma outra "gangue", ele resolve usar a arma, digo, osso em um dos inimigos. E, vejam só, ela se prova totalmente eficaz! Vitorioso, o primata "líder" atira o osso pra cima, em êxtase! E aí vem a segunda cena clássica de The Dawn of Man. Vou me adentrar um pouco mais nessa parte. Existe algo no cinema chamado elipse. É quando resolvem não mostrar algo, mas todo mundo sabe que aconteceu, basicamente. Se em uma cena tem duas pessoas duelando, ouve-se um tiro e, na outra cena, mostra um funeral, fica-se entendido de que alguma morreu. Um corte que separa dois takes. Em muitos filmes, usa-se disso para mostrar que o tempo passou. Às vezes comentam "10 anos depois", às vezes não e a gente "tem que adivinhar." Em 2001, acontece a maior elipse em tempo passado entre um take e outro já feita (possivelmente). Como eu disse, o primata joga o osso pra cima e, em câmera lenta, o vemos subindo. Quando ele atinge sua altura máxima e começa a cair, acontece o corte e logo vemos o espaço, onde uma nave faz um movimento similar a uma queda. Um lance de câmera na verdade, fazendo com que a nave parecesse cair. Notou a elipse? Milhares e milhares de anos se passaram entre aquela vitória dos primatas, onde possivelmente pela primeira vez uma espécie usava de alguma "ferramenta" para conseguir seus objetivos, e a atual nave espacial, extremamente tecnológica e complicada. E então, no espaço, começa a segunda parte do filme.

É, sem dúvida, o pedaço mais normal de 2001. Nem por isso, longe disso, a pior parte. A humanidade está numa missão a Júpiter e a tripulação conta com dois astronautas e um computador com IA novíssimo. AKA HAL 9000, da série de máquinas que jamais cometeram erro algum. Existem três outros astronautas na espaço-nave, mas eles estão em estado de hibernação, com propósito de poupar alimentos e relativos. Bom.. até aí tudo normal, apenas uma missão espacial. Então HAL comunica que previu a falha de tal mecanismo da nave e recomenda o seu imediato concerto. Um dos astronautas vai fora da nave e cata o pedaço para análise. Nenhum sinal de erro ou defeito. Eles entram em contato com a Terra e lá, depois de também analisarem a peça, ninguém acha nada errado. Nem mesmo outro computador da série HAL. A partir daí, os dois astronautas começam a suspeitar das decisões de HAL 9000. E, sim, o computador se volta contra eles. Não contarei o que acontece, mas o final dessa parte é triste. Novamente, memorável.

Então, enfim, a nave e um dos astronautas chegam em Júpiter. Essa sem dúvida é a parte mais.. estranha do filme, digamos. 25 minutos finais sem diálogo algum (assim como os 25 iniciais de The Dawn of Man). O homem chega lá e, sozinho, se vê mais velho. E, minutos depois, mais velho ainda. O astronauta se encontra comendo, em uma mesa. Acidentalmente, deixa um copo cair. O copo se destrói, o vinho permanece no chão. Ele olha pra cama e se vê mais velho. Então, enfim, seu corpo não está mais lá. Aquele recipiente. Somente seu ser, sua presença, está no quarto. A essência e ela busca a sua casa; o local de onde veio. A Terra. E assim acaba 2001.


Falar que Uma Odisséia no Espaço é visionário é pouco. O filme contém detalhes, e partes indispensáveis para a sua compreensão inclusive (notaram que eu nem mencionei o monolito?), que eu nem citei aqui. Não faz diferença, todos são geniais. Uma obra de arte impecável. Minha vida não será completa até eu ter esse cartaz que postei no meu quarto.


Uma curiosidade relevante: Na sua primeira exibição, 241 pessoas foram embora no meio do filme. Ninguém entendeu porra nenhuma. Arthur C. Clarke, que escreveu o filme junto com Stanley Kubrick, disse que "se você entendeu 2001 por completo, nós falhamos. Queríamos mais levantar questões do que respondê-las." Kubrick também disse que "todos são livres para interpretarem o que quiserem de 2001."

Nota 10

Paixão Suicida (2006)

Título Original: Wristcutters - A Love Story
Direção: Goran Dukic
Roteiro: Goran Dukic, baseado em conto de Etgar Keret
País: EUA/Croácia/UK


Paixão Suicida é original. O filme se passa num mundo que é o lugar para onde todo mundo se matou vai. Para a decepção deles, bem, é tudo praticamente igual ao mundo real. Com a diferença de que ninguém sorri.

Zia, nosso protagonista, é novo no local. Ele se matou por causa da namorada. Atualmente, ele divide o apartamento com um russo. Um dia, porém, Zia descobre que sua namorada também cometeu suicídio e está nesse mundo estranho. Ele (junto com o russo) parte numa jornada em busca dela. No caminho, eles encontram Mikal, uma moça que se matou sem querer (overdose). Ela busca os donos desse lugar, pois quer reclamar disso (não morreu de propósito) e quer voltar pro mundo real. Ah, o russo se matou sem querer também (derramou em cima da guitarra, em um show ao vivo) mas ele não tem problema em estar lá, afinal toda sua família está (é..).


Pelo que eu acabei de dizer, já dá pra perceber que é um filme com uma história bem estranha e diferente. Enfim, é um filme legal. É engraçado e você fica curioso pra saber como exatamente funciona esse mundo estranho.


Nota 8.2

Gigantic (2008)

Título Original: Gigantic
Direção: Matt Aselton
Roteiro: Adam Nagata e Matt Aselton
País: EUA


Brian (Paul Dano) é um cara de 28 anos que trabalha numa loja de colchões. Ele fala francês, é ocasionalmente perseguido por um mendigo e tem o sonho de adotar um bebê chinês. Um dia ele vende uma cama pra um gordo rico. No dia seguinte, a filha do cara vai na loja em busca de informações. A filha é Harriet (Zooey Deschanel), trabalha com a irmã por trás das câmeras de um programa de TV e não se dá bem com a mãe. E assim começa a relação deles.


Acho que a coisa mais importante e interessante desse filme é como ele é comum e normal; assim sendo, realista. Os fatos que eu mencionei são estranhos, sim, mas todo mundo é assim. Um dos irmãos mais velhos de Brian, por exemplo, é um clássico "valentão" de colegial, mas sabe falar japonês. Grande parte das pessoas tem características diferentes e é isso que torna tudo tão legal.

Ambos os personagens, do Paul e da Zooey, foram muito bem trabalhados e, novamente, é um daqueles filmes que dá vontade de ver de novo quando acaba. Se bem que to começando a achar que sinto isso por causa da Zooey..


Nota 8.8