Perfect Sense (2011)

Direção: David Mackenzie
Roteiro: Kim Fupz Aakeson
País: UK, Suécia, Irlanda e Dinamarca

Bom! Não estava esperando nada e recebi um bom drama sobre epidemias.

Perfect Sense fala sobre uma doença que tira os cinco sentidos dos infectados, em ordem: olfato, paladar, audição, visão e tato. Ninguém sabe a origem da doença e ninguém sabe a cura. Ou seja, tem umas noções apocalípticas interessantes. Eva Green estuda epidemiologia e está envolvida com o processo de análise da doença e Ewan McGregor é um chef e trabalha num restaurante perto da casa de Eva. Bonitos como só eles, eles começam uma relação na mesma época que a epidemia inicia e tem que lidar com isso.

Pela sinopse, Perfect Sense lida com um problema sério no cinema: ser dramático demais. Mas isso não acontece. Claro, não tem solução e você sente o desespero da humanidade junto, mas ficou tudo tão bem feito que você não nota. Não tem gente chorando sem parar e personagens suicidas.

Pode ser que isso não seja tão realista, mas, convenhamos, com a Eva Green (ou Ewan McGregor, pra quem curte) do meu lado, eu não me sentiria tão mal assim.

Nota 7.8

A Serbian Film (2010)

Direção: Srdjan Spasojevic
Roteiro: Srdjan Spasojevic e Aleksandar Radivojevic
País: Sérvia

Decepcionado.

Eu diria que, pelo que li na internet durantes esses últimos dois anos, A Serbian Film é um dos filmes mais polêmicos que foram feitos. Extremamente perturbador, diziam. Eu esperava no mínimo bastante violência extrema, mas... bom, vamos à review.

A ideia de A Serbian Film é excelente. Milos é um ex-ator pornô que resolve topar uma nova produção pela quantia enorme de dinheiro que iria ganhar. O problema é que logo no começo ele nota que os caras querem filmar um filme snuff e não um pornô. O que é um filme snuff, você se pergunta? São "filmes" feitos para chocarem, mas, bem, de forma realista. É onde ninguém é ator (ou todos, quem sabe?) e, se matam alguém no filme, alguém realmente morreu. Sem efeito especial. Logicamente, por ser criminoso, não existem, digamos, profissionais famosos no mundo do snuff. Assim sendo, A Serbian Film toca nessa ideia de que, no mundo dos milionários loucos, existem cineastas igualmente loucos que filmam esse tipo de coisa por dinheiro. Ou seja, Milos vai "trabalhar" e nota que o filme envolve pedofilia, necrofilia, estupro... E, acreditem, tem mais.

Nesse caso, o genial da ideia é que, assim como nós, Milos não sabe o que vai acontecer. Ele vai pra onde mandam, às vezes encontra uma mulher com quem ele transa na frente das câmeras (como está acostumado) e acabou o expediente. Mas a medida que os dias passam, as situações vão ficando mais complicadas. Vukmir, o diretor do filme, é um visionário do snuff; qualquer reação inesperada é digna de ser filmada. Quanto mais real, mais artístico. Assim sendo, quando Milos resolve desistir do projeto, Vukmir começa a influenciá-lo com drogas e certos tipos de hipnose para basicamente controlar Milos como quiser. Quando Milos encontra vídeos do que fez, aí sim vemos o quão doente é Vukmir e o tipo de cliente que ele tem.


O problema é que A Serbian Film se perde pela metade. Primeiro, certas cenas foram feitas claramente apenas com o objetivo de chocar as pessoas. Sim, qualquer estupro em filme, por exemplo, também é feito com essa função, mas isso depende do diretor e de como ele retrata isso. Às vezes funciona (vide Irreversível) e às vezes fica desnecessário e forçado, como nesse caso aqui. Em segundo lugar, existe uma linha entre um filme de terror que perturba com a sua violência realista e um filme trash cuja violência foi feita pra rir. A Serbian Film tem duas cenas hilárias (três, na verdade, contando com a última) que, sinceramente, é impossível que tenham sido feitas para serem levadas a sério. Se era pra ser engraçado, ótimo, eu ri, mas que faça o filme inteiro trash e que não tente ser "intenso e perturbador." Resolvi aumentar a nota só por causa dessas três que me fizeram rir muito.

Em certas partes eu achei que ia me encontrar com um filme brutalmente inesquecível. Mas não. É doentio e foi banido em diversos países, claro. Qualquer um faz isso. É só pensar nas ideias mais maldosas que você pode e filmar. Dá pra ver até claramente em que cena a maioria das pessoas parou de ver o filme ou decidiu que ele seria banido. Digamos que ela envolve um recém-nascido. Mas não. Não deu certo. 

Divertido para ver com quem curte trashs, aliás, tem que ser alguém com problemas que curta trash, mas é só.

Nota 7

OBS.: Esse cartaz pelo menos é bonito. E, se você já viu o filme, saiba que estou conversando com um amigo meu que viu A Serbian Film com a mãe. Pois é.

Puncture (2011)

Direção: Adam e Mark Kassen
Roteiro: Chris Lopata, Ela Thier e Paul Danzinger
País: EUA

Baseado em fatos reais, Puncture é um ótimo e intenso drama sobre acidentes com seringas em hospitais americanos. 800,000 pessoas morrem ou ficam doentes com isso por ano. Existe alguma solução? Foi nisso que pensou Jeffrey Dancort. Ele criou uma seringa plástica cuja agulha imediatamente se retrai assim que a injeção é dada. Dessa forma, não somente ela evita acidentes com a agulha já usada, como também deixa de ser re-utilizável. Mas ter a "solução perfeita" e querer que todos hospitais a implantem não é tão simples assim.

Chris Evans faz um recém-formado (e junkie) advogado que tem uma pequena firma com seu melhor amigo, Mark Kassen (ator e diretor do filme). Mark faz o papel de Paul Danzinger, sim, um dos caras que escreveu o roteiro. Na sua firma, eles lidam principalmente com danos morais. Mas um dia eles conhecem a enfermeira Vicky, que teve um desses acidentes com agulhas num hospital e acabou sendo diagnosticada com AIDS. Os dois advogados querem ajudá-la, conhecem Dancort e aí começa a briga deles contra os hospitais, a Justiça e por aí vai. Kassen percebe que, bem, esse na verdade parece ser um caso muito maior do que eles podem sozinhos fazer mas Chris só pensa em fazer a coisa certa e implantar as seringas novas por todos EUA (ou talvez ele só queira ganhar na justiça contra os favoritos, sendo ele a zebra).


Puncture é um daqueles filmes que mostram o mercado por trás das câmeras que muita gente nem sabe que existe: a indústria farmacêutica. Não dá pra simplesmente inventar um remédio perfeito que cura tudo, se já existem contratos com outras empresas e a ganância humana. Todo mundo sabe que o capitalista prefere a solução que lhe dá 1000 reais e ajuda cem pessoas do que a que lhe dá 100 e ajuda mil.


Nota 8

Blue Valentine (2010)

Direção: Derek Cianfrance
Roteiro: Derek Cianfrance, Joey Curtis e Cami Delavigne
País: EUA

Um bom romance e drama, Blue Valentine relata por completo o relacionamento amoroso de Dean e Cindy (Ryan Gosling e Michelle Williams). Dean trabalha fazendo mudanças de móveis e Cindy estuda Medicina. Eles se conhecem no hospital onde a vó de Cindy estava. Dean estava lá deixando os móveis de um novo velhinho que iria habitar o local. Ele imediatamente é atraído por ela e começa a insistir. Eventualmente ela cede e aí começa.

Destaque do filme é como os atores ficaram bons em diversas idades. Blue Valentine não segue uma ordem cronológica de acontecimentos então pode dar uma cena do final de relacionamento e logo após uma do início. Naturalmente, Ryan e Michelle estão totalmente diferentes nelas. Ryan quase careca, meio gordo, e Michelle evidentemente "mais velha." Dean é um ótimo personagem. Ele é meio criança, sempre fazendo brincadeiras, mas com o passar do tempo, isso cansa Cindy. O teste do tempo.

Outra coisa que eu gostei foram as dosagens de drama e romance, digamos. Não é mais isso do que aquilo, é bem 50/50. Ou seja, como esperado, o filme é triste e também é bonitinho. E a trilha sonora, toda composta pela banda Grizzly Bear, é excelente. Especialmente esta aqui. Vídeo com cenas do filme (não é trailer). Aliás, gostei tanto dessa música que vou aumentar a nota do filme.



Vale a pena.

Nota 8.4