Love Letter (1998)

Título Original: Love Letter
Direção: Shunji Iwai
Roteiro: Shunji Iwai
País: Japão


Bonito drama sobre amor e morte.

O filme começa dois anos depois do velório de Itsuki Fujii, noivo de Hiroko Watabane. Nesse dia, ela, ao descobrir o endereço de onde ele morava quando criança, resolve mandar uma carta para o endereço, como se fosse para o cara. Ela recebe uma resposta. De uma mulher com o mesmo nome dele. E elas começam a trocar cartas, a noiva achando que tem alguém se passando pelo ex-noivo e a outra pensando que essa Hiroko é louca. Mas isso é bem no começo do filme. Eventualmente, tudo se esclare e a Itsuki percebe que conhecia o noivo da mulher. Eles tinham sido colegas na adolescência e a partir daí, e é disso que o filme fala, ela começa a contar para Hiroko o que se lembrava dele e as duas ficam relembrando do Itsuki.


O pensamento que mais me veio a cabeça quando vi Love Letter foi o de que é engraçado como, mesmo quando uma pessoa está morta, ela pode ser considerada responsável por várias coisas depois de sua morte. Gente se conhece pois eram amigos do cara. E o filme mostra que as pessoas deixam rastros. A existência, pelo menos no começo, nunca é vazia. Não é como se você nunca tivesse vivido. Você contribuiu na vida de alguém. Alguém não vai te esquecer. Foi disso que esse filme me lembrou.


Nota 8.3

Escola de Idiotas (2006)

Título Original: School for Scoundrels
Direção: Todd Philips
Roteiro: Todd Philips e Scot Armstrong
País: EUA


Existem dois tipos de nerds (OK, talvez mais, mas vou falar só sobre dois): os nerds que estão satisfeitos consigo mesmos e não se importam com o que os outros pensam e os nerds que pensam em serem normais e aceitáveis em círculos sociais babacas. Esse filme é sobre o segundo tipo.

Imaginem que existe um curso que ajuda esses nerds. Que lhes dê confiança para ir atrás das cocotas (rs) e tudo mais. É o que Escola de Idiotas oferece. O protagonista, Napoleon, digo, Roger é um fracassado e consegue o telefone desse, bem, negócio que supostamente vai ajudá-lo. Ele liga e logo nessa parte já dá pra perceber bem como vai ser o tal curso. "Aperte 1 para novo cadastro", diz o telefone mas Rogen acha suspeito. Ele pergunta se isso é realmente uma mensagem automática. "Aperta a porra do botão." Ele desliga. Segundos depois, o telefone toca e a mesma voz diz "você acaba de se tornar o meu pior aluno."

Então, ele segue as instruções e vai pra aula. E o professor não é ninguém menos que Billy Bob Thornton. É engraçado que dá pra reconhecer quase todos nerds da sala. Mesmo os que são extras (AKA não tem falas). Um deles é o Jim Parsons, afinal! Enfim.. Isso tudo acontece antes da metade do filme, a principal trama na verda de é que o nosso protagonista logo se destaca na turma. Mas, de acordo com relatos de antigos estudantes, isso é ruim, pois o professor costuma ficar competitivo e testar muito o tal aluno destaque, pra ver se o cara aguenta. Bote uma menina bonita no meio disso e pronto.


O filme é ótimo. Deu pra rir bastante. Engraçado ver todo destaque que Jon Heder teve depois de Napoleon Dynamite. Fazer o que, o cara se dá bem sendo nerd.

Nota 8.4

Jerry Maguire (1996)

Título Original: Jerry Maguire
Direção: Cameron Crowe
Roteiro: Cameron Crowe
País: EUA


Ótimo drama de esportes.

Jerry Maguire (Tom Cruise) é um gerente de esportes. O que isso quer dizer? Significa que ele toma conta de vários jogadores profissionais dos mais variados tipos possíveis. Ele é ambicioso e muito bem-sucedido. Porém, um dia, um dos seus principais jogadores se machuca durante uma partida. Pela quarta vez. Depois do choque, eles notam que não era algo tão sério e Jerry, naturalmente, já fica louco para que o cara volte para os campos. Mas a família do jogador não compartilha esse ponto de vista. "É muito perigoso." Então o protagonista começa a pensar que talvez ele não esteja fazendo um trabalho muito bom. Talvez ele devesse se importar mais. Ter menos clientes e menos trabalho. Qualidade sobre quantidade.

Mas ninguém compartilha essa visão e Jerry é despedido em pouco tempo. Dorothy (Renée Zellweger) trabalha no mesmo lugar e resolve seguir Tom Cruise, admirando e se apaixonando pelo cara. A partir daí eles procuram clientes novos ou então manter, nessa nova "empresa", jogadores interessantes. Ele acabam conseguindo continuar com Rod (Cuba Gooding Jr.), um profissional de futebol americano. O que rendeu um Oscar para o Cuba, inclusive. O personagem dele é genial, é um mano bem estranho. Eu nunca tinha visto o Cuba interpretar um mano, pra ser sincero. E ficou muito engraçado e legal.


Pra ser sincero, até metade do filme, eu não tava dando nada demais. Mas a forma como o Cameron Crowe conseguiu botar a parte do esporte no filme (I mean, o filme fala sobre o gerente) me cativou bastante e deixou Jerry Maguire bem emocionante. Ótimo papel do Cruise, meu favorito do Cuba e talvez meu favorito também da Renée.

Nota 8.2

Uma Noite de Amor e Música (2008)

Título Original: Nick and Norah's Infinite Playlist
Direção: Peter Sollett
Roteiro: Lorene Scafaria baseado em livro de Rachel Cohn
País: EUA


O que está errado comigo?

A playlist infinita do Nick e da Norah (heh) é uma comédia romântica sobre jovenzinhos indies na grande NYC. Nick tem uma relação mazomenos com uma garota popular do colégio, mas, again, é daquele tipo onde ela não merece um cara tão legal. A popular se chama Tris e ela é amiga de infância de Norah e Caroline. Norah foi mais para o lado alternativo da Força e Caroline é o meio-termo entre as duas.

O nome do filme vem das milhares de mixtapes que o Nick faz para a Tris. Ela não dá mais muita bola pra ele, aliás, só ele não percebeu que eles já terminaram, então ela joga os CDs fora, sempre. Mas a Norah cata, pois gosta das músicas. Então um dia a banda do Nick vai fazer um show e eles se conhecem. Mas a trama principal do filme, na verdade, é a seguinte: a banda favorita de ambos vai fazer um show surpresa em algum lugar de NY nessa noite, o que os leva a uma jornada, junto com amigos e tudo mais.


Esse filme é lindo. Tem muitas coisas que o diferenciam de outras comédias românticas que eu tenho visto, uma delas é que, bem, como mencionam muito música, tem quase sempre algo tocando no fundo. Outra coisa muito legal é que o filme todo só se passa durante a tal noite. Tudo acontece nela. Uma Noite de Amor e Música é um daqueles filmes que, logo nos primeiros momentos, já dá pra perceber que vai ser muito bom. O mesmo aconteceu com o último que vi. Mas esse é mais direto.


Nota 9.5

Tudo Sobre Lily Chou-Chou (2001)

Título Original: Riri Shushu no Subete
Direção: Shunji Iwai
Roteiro: Shunji Iwai
País: Japão


Nossa, muito bom. Fazia um tempo que não via algo tão legal (desde Clerks, na verdade).

O filme fala sobre a juventude no Japão. Colégio, bullying, adolescentes perturbados, música, internet. Os protagonistas são dois garotos que, de início, são amigos mas um deles vira um delinquente na escola, do tipo completamente psicopata mesmo. O que o faz, naturalmente, abusar de todo mundo, inclusive do seu antigo amigo, o outro protagonista, que é daqueles que não faz nada e fica quieto o tempo todo.

Uma coisa muito interessante desse filme é que, ao mesmo tempo que quase nunca mencionam Lily Chou-Chou, estão falando dela o tempo inteiro. É o seguinte: Ela é uma cantora japonesa fictícia e tem uma espécie de legião de fãs na internet (bem, hoje em dia, quem não tem?). O protagonista quieto do filme é um dos mais viciados e ele passa o tempo inteiro, praticamente, em um fórum especializado falando sobre como ela é legal e como a sua música transcende barreiras. O jeito como eles mostram isso no filme, porém, é muito interessante. Nunca mostra o cara no computador acessando o site. São frases que vão surgindo no meio do filme, uma de cada vez, sempre assinadas pelos usuários do fórum. Assim, não só não sabemos quem são os membros (todos usam apelidos) como também não os mostra usando os computadores.


Tudo Sobre Lily Chou-Chou tem uma sensibilidade única. Tudo é muito bem feito. As músicas da tal Lily Chou-Chou, inclusive, são ótimas. A primeira que toca no filme, logo no começo, lembra muito de Björk. Muito bom mesmo.

Nota 9.3

Igual a Tudo na Vida (2003)

Título Original: Anything Else
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
País: EUA


Comédia romântica do Woody Allen (o rly?) com dois atores bem peculiares (Jason Biggs e Christina Ricci). Esse filme é obrigatório para os fãs dela, por sinal.

Jerry (Jason) namora Amanda (Ricci) e ela é daquelas com problemas de auto-estima, vive sempre com muitos remédios, amantes.. E ao mesmo tempo, Jerry tem que lidar com a mãe dela que está morando temporariamente com eles, com a sua carreira como escritor comediante, com seu gerente inútil, com seu psiquiatra também inútil e com Dobel (Woody), a única pessoa sensata no mundo. Anything Else tem algo que me irrita muito em um filme. Quando o protagonista é profundamente apaixonado pela mocinha mas, bem, ela não presta. Então o cara dando "mil segundas chances" pra ela, incapaz de acabar o relacionamento. Grow some fucking balls, porra.

Dobel, o melhor personagem do filme, naturalmente, só serve para dar conselhos para Jerry. Ele também atua na área de comédia e foi assim que eles se conheceram. É aquele tipo de pessoa que "descobriu a sua missão." No caso, ajudar Jerry. E ele de fato ajuda, dando sempre conselhos sensatos e justos. O nome do filme, inclusive, vem de uma conversa que Dobel cita que teve com um taxista uma vez (Anything Else, por sinal, é cheio de citações famosas e piadas, característica básica no material do Woody Allen, na verdade). No diálogo, Dobel divaga sobre como relacionamentos são complexos e como o comportamento humano é misterioso. O taxista diz, então, "é, bem, igual a tudo na vida."


Nota 7.5

Vidas que se Cruzam (2008)

Título Original: The Burning Plain
Direção: Guillermo Arriaga
Roteiro: Guillermo Arriaga
País: EUA/Argentina


Primeiro filme dirigido pelo roteirista da trilogia do Iñárritu (Amores Perros, 21 Gramas e Babel). Resta a pergunta: quem escreve bem, dirige bem? Nesse caso, sim.

The Burning Plain, assim como a maioria dos trabalhos de Arriaga, fala mais de uma história ao mesmo tempo. Nesse caso, são duas famílias. Gina (Kim Bassinger) é mãe de Sylvia (Jennifer Lawrence), assim como de outros três garotos e trai o marido com um mexicano, pai de Carlos e Santiago. Um dia, porém, um terrível acidente mata Gina e o amante, o que, naturalmente, inicia uma relação de ódio entre as duas famílias, que nem se conheciam. Mas Santiago, curioso sobre a amante do seu pai, procura Sylvia e então eles começam a se conhecer melhor.

O filme também é passado em duas linhas de tempo. Fala como tudo aconteceu (os últimos dias de Gina) e também mostra Sylvia, muitos anos depois disso. Ela (adulta, Charlize Theron) vive miseravelmente, tende à auto-destruição e não preza muito por, bom, nada. Mas sua vida vai logo mudar quando o passado lhe aparece inesperadamente.


Eu não esperava muito do filme (na verdade, só lembrei que era do Arriaga quando acabei), mas The Burning Plain tem duas cenas sensacionais. Uma, perto do final, simplesmente mostra vários personagens fazendo coisas, em diversos momentos diferentes de suas vidas. A cena é hipnotizante, muito bem feita. Outra, logo no começo, é quando Sylvia resolve tirar um intervalo no trabalho (restaurante) para dar uma passeada e fica um bom tempo olhando para o mar, na frente de um penhasco (é uma estrada à beira-mar). Ela fica ali, parada, admirando as pedras lá em baixo. Sabendo que se cair, provavelmente iria morrer. As ondas batendo com uma força tremenda. O vento frio. Nos mostra como aquilo tudo é tão poderoso e, ao mesmo tempo, tão natural.


Nota 8.5

Clean, Shaven (1993)

Título Original: Clean, Shaven
Direção: Lodge Kerrigan
Roteiro: Lodge Kerrigan
País: EUA


Clean, Shaven conta a história de Peter, um criminoso esquizofrênico que busca desesperadamente encontrar a sua filha, agora em uma família adotiva.

O filme passa muito bem a sensação de, bem, ser alguém perturbado. O personagem está sempre escutando sons estranhos e barulhos de máquinas. Você fica inquieto o filme inteiro, achando que vai dar algo errado. Não tem como prever as ações de uma pessoa assim. Peter também tem tendências à auto-destruição e ele se mutila. É o tipo de personagem que, por exemplo, ao fazer a barba, ele está mais concentrado com as "voices inside his head" então se ele se corta, mal sente a dor e ignora. Isso é tenso.

Perturbador.

Nota 8.1

Ressaca de Amor (2008)

Título Original: Forgetting Sarah Marshall
Direção: Nicholas Scoller
Roteiro: Jason Segel
País: EUA


Romance/comédia escrita por um dos meus novos atores favoritos. Com Kirsten Bell, Mila Kunis, Paul Rudd e Jonah Hill. Só gente legal.

Jason Segel é músico e trabalha compondo BGMs do seriado estrelado pela sua namorada, Sarah Marshall. Então um dia ela resolve acabar com o namoro de 5 anos deles e, bem, isso o deixa na merda. Jason então parte para uma jornada em busca de um mundo sem dor, onde ele não se lembra de Sarah. Conversando com um de seus bros, ele decide viajar para o Havaí (um dos lugares onde ela gostaria de passar a lua-de-mel) e lá ele a encontra, com o seu namorado novo.


O filme é bonito. Uma coisa legal dele (se não a mais) é quando o casal principal, ao se relacionarem com outros, percebem as diferenças e meio que sentem falta um do outro. Tipo, imediatamente que essas cenas acontecem, no filme, flashbacks surgem na cabeça dos protagonistas. Exemplo: o namorado novo da Sarah não gosta da camiseta que ela comprou pra ele e não vai usar. Ela na hora se lembra de como o Segel sempre usava o que ela lhe dava, mesmo que fosse idiota.

Enfim.. Kristen Bell (Sarah) é muito bonita, putz, eu não lembrava que ela tinha feito Fanboys. Faz sentido, ela tá totalmente diferente naquele filme, lol. Linda de qualquer forma.


Nota 8.1

Inimigos Públicos (2009)

Título Original: Public Enemies
Direção: Michael Mann
Roteiro: Ronan Bennett e Michael Mann
País: EUA


Inimigos Públicos conta a história verídica do famoso criminoso americano John Dillinger. Ele era especializado em assaltar bancos e fugir de cadeias (uma das minhas bandas favoritas até se chama The Dillinger Escape Plan, heh). No filme, obviamente, ele é o mais importante e quem merece mais atenção. O personagem, bem, a pessoa era alguém simpático, manipulador e cativante. É daquele tipo de vilão que te deixa torcendo por ele. O outro protagonista, Christian Bale, é o policial encarregado da apreensão de John.

A característica mais marcante de Dillinger, no filme, é a sua empatia pelas pessoas. Ele não é daquele tipo de criminoso que, após cometer algo muito ilegal, vai se esconder e fica dias dentro de casa. John ia ao cinema. Por estar sempre metido em multidões, ele nunca era reconhecido. Alguns suspeitavam, talvez, mas nunca tinham certeza. E isso cria as cenas de maior tensão de Inimigos Públicos. Em meio a roubos e fugas, ele conhece uma mulher, por qual se apaixona. E essa história de amor deixa tudo mais interessante e complicado.

Ele era o tipo de pessoa que, quando a mulher estava preocupado sobre ele ser preso, dizia que iria morrer velho, nos braços dela. Que assaltava qualquer banco, na hora que ele quisesse. E, bom, eu não vou contar o que acontece.


Nota 8

O Balconista 2 (2006)

Título Original: Clerks II
Direção: Kevin Smith
Roteiro: Kevin Smith
País: EUA


Então.

A principal diferença entre o primeiro e este se nota no cartaz. Personagens novos. Sim, plural (o outro não está nele). Os dois são geniais, though. Um deles, a mais importante, Rosario Dawson, nova chefe de Dante. O segundo, Elias, colega de trabalho dos dois. Um nerd virgem e constrangedor.

OK, vou contextualizar melhor. Vários anos depois do primeiro filme, a loja, onde eles supostamente gastaram muitos dias iguais, pegou fogo. E, assim, fechou. Então eles vão atrás de emprego novo (é, pelo jeito o Randal trabalhava lá também.. dois trabalhos ao mesmo tempo). E conseguem um: fast-food. Rosario, a chefe, é uma pessoa maravilhosa e logo se dá muito bem com eles (bom, com Dante na verdade). O problema é que agora, muitos meses depois deles entrarem nesse ramo, Dante estava namorando Emma, uma loira ex-cheerleader e rica. Aquele tipo de mulher que te deixa em um relacionamento onde você não precisa fazer nada, pois ela decide tudo. Tanto que eles realmente vão se casar, em poucos dias, Dante vai se mudar para Orlando com ela. E esse é apenas um dos problemas dele no filme. O outro personagem, Elias, só serve pra comic relief, que funciona muito bem com ele. Viciado em Senhor dos Anéis e Transformers, religioso, mimado, tímido, inocente. Engraçado.


Logo de cara, nota-se que o segundo filme é muito diferente do primeiro. Coisas acontecem. Não vou falar o que acontece, mas Clerks II tem uma cena sensacional, onde tudo ocorre ao mesmo tempo. Clerks não tem isso. Outra diferença é que o segundo tem muito bromance. Isso não é ruim, claro. Enfim, não vou ficar comparando os dois.

O Balconista 2 tem um sentimento de nostalgia. Sabe quando você era feliz e não sabia? Randal menciona várias vezes que, por mais que eles não fizessem nada nunca (talvez até por isso), ele sente muita falta dos good ol' days naquela loja. Quem nunca achava que detestava algo e depois sente saudade, quando ela acaba?

Quero rever ambos.


Nota 9

O Balconista (1994)

Título Original: Clerks
Direção: Kevin Smith
Roteiro: Kevin Smith
País: EUA


Um post mais do que especial. Aqui inicio um novo grupo de filmes. Filmes obrigatórios (e, na sua grande maioria, geniais) que, sim, eu nunca vi antes. Vou tagear esses posts como "arrumando falhas culturais." E, putz, não poderia ter começado melhor. Que filme bom!

Dante e Randal são amigos que trabalham muito perto um do outro. Dante em uma loja de conveniências e Randal em uma locadora de vídeos, em prédios vizinhos. O filme começa com Dante recebendo uma ligação informando que ele vai precisar trabalhar hoje. Ele vai, claro, já mau humorado. Um tempo depois, Randal chega para conversarem e matar tempo. E o resto do filme conta como foi o dia deles.

O Balconista lida com situações cotidianas de, bem, pessoas que trabalham atrás do balcão, no caixa, lidando com clientes. Não são as histórias de como o atendente de tal loja te tratou mal ou whatever, e sim de clientes peculiares. Naturalmente, eles conversam sobre tudo durante o trabalho. E isso é o destaque desse filme: os diálogos. São geniais. Sabe quando você resolve fazer algo, qualquer coisa, e uma pessoa cita todos os contras e lhe deixa pensando coisas como "hm, realmente, são argumentos válidos.. e agora?"? O Balconista é cheio dessas conversas. São coisas que faltam no mundo, sinceramente. Ninguém diz "você não deveria fazer isso por isso e por aquilo", as pessoas acham que cada um sabe julgar bem o que é melhor para si e para os outros e cada um fica na sua.

Dante é o cara dos dilemas, das reclamações, introspectivo. Randal é a voz interior dele. O lado que diz: que se foda, ninguém se importa, just do it. Tem uma cena que exemplifica muito bem isso. Quando Dante acorda, o chefe dele diz pelo telefone que estaria na loja ao meio-dia e que aí Dante poderia ir embora. O chefe não aparece e o protagonista tinha um jogo de hockey às 14h. No horário do jogo, nada do chefe e os jogadores já estão na loja, pois eles vão jogar num lugar ali perto mesmo. Dante então decide fechar por alguns minutos, "eu nem deveria estar aqui hoje mesmo." Quando está fechando, ainda dentro da loja com Randal, chega um dos jogadores e pede um Gatorade, de graça. Dante hesita, fala que se der pra ele, teria que oferecer para todos os outros também. O cara diz que, porra, um só, grande merda. Randal então apóia o cara. Já vai fechar a loja mesmo, se é pra ser irresponsável, que seja direito. E então Dante fica nesse dilema, por alguns segundos até se decidir.


O Balconista é cheio de diálogos assim. É aquele tipo de filme que você só não diz que é perfeito, pois pessoalmente não gostou de tais cenas comparado à outras. Mas no fundo você sabe que você é o problema. Dá vontade de rever agora mesmo. Mas verei o 2 em breve, aguardem.


Nota 9.8

Deixe Ela Entrar (2008)

Título Original: Låt den rätte komma in
Direção: Tomas Alfredson
Roteiro: John Ajvide Lindqvist
País: Suécia


Faz tempo que eu queria ver isso e não me decepcionei.

Deixe Ela Entrar, pra quem não sabe, conta um romance bem inusitado. Oskar, é um garoto de 12 anos, não tem muitos amigos e sofre bullying no colégio. Um dia, brincando sozinho de noite no pátio do prédio onde mora, ele conhece Eli, uma garota meio estranha. Então mais tarde ele percebe que era é uma vampira.

A relação dos dois, no início, é normal. E mesmo depois, quando ele descobre, isso não afeta o que um sente pelo outro. São amigos. Alguém que te entende. Ou alguém que não é como eles, que não enche o saco. O "engraçado" do filme é o contraste entre o relacionamento bonito e puro deles com as cenas onde ela está, bem, sendo vampira. Caçando e sendo sobrenatural. Em uma cena, quando ele conta sobre o bullying, ela diz muito séria para ele revidar. Aí a gente já sabe que ela vai acabar defendendo ele, em alguma parte do filme. E acontece e é uma das partes mais memoráveis de Deixe Ela Entrar.

Ótimo filme! Recomendo pra quem quer ver um romance bonitinho ou pra quem gosta de vampiros.

Nota 8.8

Se Beber, Não Case (2009)

Título Original: The Hangover
Direção: Todd Phillips
Roteiro: Jon Lucas e Scott Moore
País: EUA/Alemanha


Muito engraçado!

A proposta desse filme é clássica, mas da forma que ela foi feita aqui, ficou excelente. A história todo mundo conhece: o cara vai se casar e aí os amigos resolvem fazer a despedida de solteiro. E qual é o plano? Vegas, baby, Vegas!

Eles chegam lá, o hotel é luxuoso demais e tudo é perfeito. Afinal, é uma ocasião muito especial, onde dá pra gastar tanto assim. Os quatro caras se arrumam e ficam prontos pra sair. Antes, três deles fazem o seu brinde tradicional, falando algo sobre a amizade com o noivo. Você começa a ficar muito empolgado. "Hoje vai ser foda!" e o amigo mais íntimo do noivo dos três ali termina dizendo algo como "e que comece a noite inesquecível." Várias horas depois, eles acordam no quarto do hotel e, claro, ninguém lembra de nada. E o pior: o noivo está sumido.

A partir daí, eles tentam seguir pistas para achar o cara. E, claro, a reação das pessoas é a mais variada. Gente que eles nunca viram antes os tratando muito bem só por causa de ontem, outros dão socos, pedem dinheiro, tudo sem a menor explicação. Até que, claro, eles falam "er, eu não lembro de nada de ontem" e aí eles começam a buscar explicações para os absurdos que estão acontecendo e também, naturalmente, para achar o noivo, que vai se casar em pouco tempo.


Se Beber, Não Case é muito bom. Mesmo eu, que não bebo nem nada, achei ótimo. Obrigatório pra quem já fez coisas e ficou sabendo pelos outros, no dia seguinte.

Nota 8.9

State of Play (2009)

Título Original: State of Play
Direção: Kevin Macdonald
Roteiro: Matthew Michael Carnahan e Tony Gilroy
País: EUA/UK/França


Confesso que só baixei esse filme por causa da Rachel McAdams. E por ser um filme novo do Russell Crowe. Não me decepcionei, at all.

Cal (Russell) e Stephen (Ben Affleck) eram amigos na faculdade mas acabaram indo cada um pra um lado. Cal virou jornalista e Stephen político. Então um dia um fiasco na vida do político acontece e eles voltam a se falar - Cal precisa da matéria e Stephen precisa de um amigo. Então Russell Crowe começa a investigar o caso e nota relações com outros, mais sérios e pesados. Daí é "função" dele descobrir tudo a respeito, junto com a nova empregada do jornal, Della (Rachel McAdams).

State of Play é um bom filme. Lembrou um pouco de Trama Internacional, pois tratar de assuntos sérios, ter cenas bem intensas e alguma coisa de ação. Perfeito para fãs de jornalismo investigativo e quem gosta de "buscas atrás da verdade."

Nota 7.3

Adventureland (2009)

Título Originial: Adventureland
Direção: Greg Mottola
Roteiro: Greg Mottola
País: EUA


Depois de Superbad, todo mundo tava ansioso pelo próximo filme do diretor Greg Mottola. Adventureland talvez não satisfaça quem esperava por, digamos, um filme quase igual, mas está longe de ser ruim.

James é um estudante que está prestes a se formar. O plano dele é se mudar e começar uma vida nova em NY, com um amigo. Porém, problemas acontecem e, suddenly, ele não tem mais o apoio financeiro dos pais. Ou seja, "se quer dinheiro, vai trabalhar." E ele acaba achando emprego somente em um parque de diversão. E lá ele conhece gente nova e tudo mais.

Antes de mais nada, Adventureland se passa nos anos 80 e isso faz toda a diferença. As pessoas se vestem de forma mais engraçada e as músicas são melhores. Em essência, o filme poderia ser o mesmo nos anos 2000, mas são pequenos detalhes que deixam Adventureland tão... diferente do que se esperava. Outra coisa que contribui pra isso é que, naturalmente, no parque, James conhece uma menina bonita, o que inicia o romance do filme. E em várias cenas, há muito mais romance do que comédia, o que pode não agradar, novamente, quem esperava um "Superbad 2."

Enfim, eu gostei bastante. Ah, outra coisa.. Lembram quando eu mencionei o cara "chato que é motivo de piada do pessoal", em Ligeiramente Grávidos? Ele faz o "nerd" de Adventureland e, naturalmente, é o melhor personagem do filme. E eu também descobri que ele fez um seriado dos anos 90 muito bom chamado Freaks and Geeks. Resumindo, o cara ganhou o meu respeito.

Nota 8.5

In The Loop (2009)

Título Original: In The Loop
Direção: Armando Iannucci
Roteiro: Jese Armstrong e Simon Blackwell
País: UK


Ótima comédia britânica sobre política.

Tudo começa quando uma figura pública inglesa da área de comunicação opina sobre alguma guerra aí. Ele diz o que pensa, mas ele não deveria pensar assim publicamente, de acordo com os chefões. Então ele tenta se reiterar na mídia mas ele é meio idiota e sempre piora a situação. Next thing you know ele e mais uns ingleses estão indo para os EUA tentar evitar uma guerra.

A coisa que eu mais achei interessante nesse filme é que o tempo inteiro nos são mostradas unicamente situações profissionais. In The Loop tem vários personagens ótimos mas a vida pessoal deles nunca aparece. São só discussões, constrangimentos e um mandando no outro. No filme, tudo de real aparece: puxa-sacos, gente que parece que só está lá pra te infernizar, o ocasional e inapropriado romance de escritório, chefes que enquanto insultam olham bem nos olhos fazendo com que tenhas vontade de te matar (ou de matá-lo), pessoas fazendo burrices, coisas dando errado e por aí vai.


Muito bom mesmo.

Nota 8.9

Dúvida (2008)

Título Original: Doubt
Direção: John Patrick Shanley
Roteiro: John Patrick Shanley
País: EUA


Hm, somehow esse filme foi exatamente o que eu esperava. Ou talvez um pouco mais. Isso é ótimo.

1964, EUA. Algum colégio cristão. Meryl Streep (a freira-chefe do lugar e, assim sendo, a mais "fascista") é informada pela freira novata Amy Adams que o padre Philip Seymour Hoffman talvez esteja.. tendo uma relação imprópria com um dos alunos. E o filme gira em torno disso, dessa dúvida entre os personagens que acaba nos deixando curioso também. É verdade ou não? Em Dúvida, nos são dadas pouquíssimas pistas e nada mais. Amy Adams, sendo a mais nova por muitos anos deles, é cautelosa, insegura e impotente. O padre, naturalmente, acha as acusações absurdas e infundadas. A freira-chefe, porém, tem absoluta certeza de que é tudo verdade. Não baseado nas evidências, mas ela simplesmente sabe. E é dever dela, ela supõe, confrontar o padre em relação a isso.

O filme é muito bom. Mesmo detestando cenas de sermões de padres, uma delas acaba sendo a melhor cena do filme. É logo depois que as irmãs insinuam as primeiras suspeitas sobre o padre, deixando ele irritado. E então o sermão dele na missa é sobre fofoca, sendo a presença de todas as freiras obrigatória, como sempre. Um pedaço do texto, resumido:

"Uma mulher estava fofocando com outra sobre um homem que mal conhecia. Na mesma noite, ela sonhou que uma mão enorme dos céus apontava pra ela, em desaprovação. Ela se sentia muito culpada, no sonho. No dia seguinte, ela foi se confessar. Após contar tudo para um padre, ela perguntou se fofocar era pecado. Se aquela era a mão de Deus. Se ela fez algo errado. 'Sim', disse o padre, 'destes falso testemunho contra o teu próximo e deves te sentir envergonhada!' Ela se sentiu muito mal e pediu o perdão do padre. Mas ele pediu para ela fazer algo antes. 'Vá para a sua casa, suba no telhado com um travesseiro e o corte ao meio. Depois volte.' Ela foi pra casa e fez isso. Contou para o padre, de volta, que perguntou qual tinha sido o resultado. Penas, ela disse. Por todos os lugares. 'Agora quero que você volte e pegue todas as penas de volta', disse o padre. Ela falou que era impossível. Ela não sabia mais onde elas estavam. 'E isso', o padre conclui, 'isso é fofoca!'"

Nota 8.5

A Mulher Invisível (2009)

Título Original: A Mulher Invisível
Direção: Cláudio Torres
Roteiro: Cláudio Torres
País: Brasil


Sigh..

Selton Mello faz um personagem dolorosamente normal e completamente apaixonado pela mulher até o dia que ela o deixa pra sempre. Depois de três meses sem sair de casa, ele começa a imaginar que a Luana Piovani é a nova vizinha dele e então eles começam a ter uma "relação." Ele fica feliz novamente e assim se sente bem para ir ao mundo real. Porém, com os elogios intermináveis de Selton sobre a sua nova namorada para os amigos, as pessoas começam a desconfiar. Aí ele mesmo começa a suspeitar que a Luana não é real e tudo mais.

O filme é chato. Dá pra rir. O que dá destaque ao filme, supostamente, é quando ele finalmente resolve sair para o mundo com a "mulher." E aí todo mundo vê ele sozinho mas como se estivesse com alguém. É absurdamente ridículo e patético e por isso engraçado. Isso faz o seu papel. Mas de resto, A Mulher Invisível é chatinho.

Nota 5.9

Primer (2004)

Título Original: Primer
Direção: Shane Carruth
Roteiro: Shane Carruth
País: EUA


Nada como um bom mindfuck que deixa pensando "Hein?" logo que acaba.

Primer tem uma hora e um orçamento de 7 mil dólares. Tudo veio diretamente de Shane Carruth, diretor, roteirista e também um dos protagonistas desse filme. Assim sendo, muita gente já não espera grande coisa, mas é incrível o que se pode fazer com pouco recurso mas muitas idéias. O filme fala sobre um grupo de engenheiros/físicos que estão trabalhando em tal projeto para a firma deles. A questão é que eles não sabem muito bem o que eles estão fazendo. Com o passar do tempo e experimentos, os resultados vão os surpreendendo e eles logo notam que aquilo é muito mais do que eles imaginavam.

Como disse no começo, é um filme difícil de entender. Você fica meio "que porra está acontecendo..?" e de repente acaba. Tive que sair pesquisando na internet sobre Primer logo que vi para enfim apreciar por completo a obra e aí sim tudo fez sentido. Deveria mesmo era rever, mas tenho preguiça. Também li na internet muita gente falando que o filme é parecido com Amnésia e Pi. Eu concordo. Durante grande parte de Primer, você fica com aquela pulga atrás da orelha, meio paranóico e inseguro.


Primer é genial. Obrigatório para qualquer fã de ficção científica. Altamente recomendado.

Nota 9

O Sniper (2009)

Título Original: Sun Cheung San
Direção: Dante Lam
Roteiro: Wai Lung Ng
País: Hong Kong


Superestimei esse filme. Confesso, baixei só por causa do nome e por ser oriental. Enfim..

Ele fala sobre um grupo de colegas de um curso do exercíto para snipers. Quando o curso acaba, todos, já mestres na arma, voltam para suas vidas normais. Uns vão para a polícia, outros viram assassinos profissionais.. O que gera os vira contra outros, que é a principal trama do filme.

A última cena (ou último confronto) vale o filme inteiro. Snipers contra snipers.


Nota 7.4

Observe and Report (2009)

Título Original: Observe and Report
Direção: Jody Hill
Roteiro: Jody Hill
País: EUA


Jody Hill escreveu e dirigiu The Foot Fist Way sozinho, ou seja, ele tem o meu eterno respeito. E agora ele trabalhou com o Seth Rogen.

Seth faz Ronnie, o chefe de segurança de um shopping center. Um dia um cara começa a fazer atos ilícitos no estacionamento e isso traumatiza pessoas. E o filme conta a história dele e seu esforço para capturar o cara. Sendo sempre "atrapalhado" pelo policial de verdade Harrison (Ray Liotta).


Observe and Report segue a mesma fórmula das comédias que eu venho postando: personagens sem noção falando merda e vergonha alheia. Hilário.

Nota 8.4

What Doesn't Kill You (2008)

Título Original: What Doesn't Kill You
Direção: Brian Goodman
Roteiro: Brian Goodman & Paul T. Murray
País: EUA


De acordo com um comentário no IMDB: "Normalmente, quando se lê 'baseado em fatos reais' em um filme, pensa-se que no filme acontecerão coisas praticamente inacreditáveis. Esse filme é uma exceção." Eu concordo. What Doesn't Kill You é daqueles que não precisava ter anunciado isso, pois todo mundo já sabe que isso acontece com frequência.

O filme fala da amizade entre Ethan Hawke e Mark Ruffalo, dois homens que entraram no mundo do crime quando ainda garotos. 15 anos depois e nada mudou. Mark tem agora uma mulher e dois filhos jovens mas o resto continua o mesmo; sua amizade com Ethan, seus pequenos trabalhos ajudando os "chefes", tudo pra ganhar dinheiro e assim se sustentarem.

Foi impossível não pensar em Tempos de Violência, pois a história é muito parecida. What Doesn't Kill You, apesar de ainda bom e realista, é pior. Ah, e apesar de parecer idiota botar parte de uma citação famosa no nome do filme, ficou bem pois o filme fala bem sobre isso.


Nota 7.3

O Solista (2009)


Título Original: The Soloist
Direção: Joe Wright
Roteiro: Susannah Grant baseado em livro de Steve Lopez
País: EUA/UK/França


O Solista é baseado em fatos reais e conta a história da amizade de RDJ com Jamie Foxx.

Steve (RDJ) é um jornalista e tem uma vida mediana sozinho. Então um dia, em busca de uma matéria, ele resolve conhecer melhor aquele mendigo meio estranho que costuma tocar um violino com duas cordas, chamado Nathaniel (Foxx). Após vários dias, Steve descobre que Nathaniel é esquizofrênico e que seu amor pela música é algo maior do que normal. E a partir daí, mostra a relação dos dois, como um lida com o outro e tudo mais.


É um bom filme. Recomendo pra quem quiser ver um drama realista sobre música. Eu estava esperando bem mais, na verdade, mas é definitivamente um filme que eu veria no cinema.

Nota 7.2