Top 5 filmes para 2013.

2012 acabando (deveria fazer uma lista com os melhores) e vejo em todos os lugares essas listas sobre filmes de 2013. Sim, muita produção interessante está por vir (como sempre) e resolvi escolher cinco que estou esperando muito ansiosamente. E não vai ser "lista das maiores produções", vai ser de coisas boas.


Então lá vai, sem ordem alguma:

THE MASTER (Paul Thomas Anderson)



Novo filme do mestre PTA. No elenco, Philip Seymour Hoffman, Joaquin Phoenix e Amy Adams. Não preciso comentar mais nada.

DJANGO UNCHAINED (Tarantino)



Também não preciso comentar. E eu sei que ele vai ser lançando no final de 2012 mas eu provavelmente só verei ano que vem. Jamie Foxx, Christoph Waltz, DiCaprio...

AMOUR (Michael Haneke)



Já ganhou a Palma de Ouro em Cannes e, né, com Haneke não tem ruim.

ZERO DARK THIRTY (Kathryn Bigelow)



Diretora do excelente The Hurt Locker, sobre a história da captura de Bin Laden. Pelo que tenho lido, não é um festival de "Somos os EUA, o melhor país do mundo."

LINCOLN (Spielberg)



Spielberg dirige Daniel Day-Lewis interpretando Abraham Lincoln. Todos os prêmios já.




Menção honrosa:

THE GREAT GATSBY (Baz Luhrmann)



O filme promete e é mencionado por motivo de Carey Mulligan.


Até 2013 e boas festas!

Moneyball (2011)

Direção: Bennett Miller
Roteiro: Steven Zaillian e Aaron Sorkin baseado em livro de Michael Lewis
País: EUA

Muito bom. Não entendo de baseball mas sim de futebol e esportes em geral então vou compara-los.

Moneyball fala sobre baseball e o gerente (Brad Pitt) dos Oakland Athletics na temporada de 2002. Eles não são um time grande. São daqueles que sempre perdem para os principais, aqueles que se classificam mas nunca ganham campeonatos. Parte disso deve-se a que o patrimônio da franquia seja 39 milhões, enquanto a dos Yankees, por exemplo, é de 114. Com tão pouco dinheiro, como um time pode ganhar dos ricos que sempre contratam gente melhor? Como, por exemplo, o Bahia pretende ser campeão, quando existem São Paulo, Grêmio, Fluminense, Santos e por aí vai?

Um dia, Pitt vai a Cleveland tentar uma troca de jogadores e conhece Jonah Hill, um analista novato de jogadores. Depois de uma troca de ideias, Pitt o convence a trabalhar para Oakland e eles bolam um plano. Esportes como baseball não dependem de um jogador e sim do time inteiro. Ou seja, mesmo que gastassem todo seu dinheiro em um jogador excelente, o resto dos Athletics continuaria uma porcaria e eles seguiriam sem conseguir nada. 

Então, baseado num sistema de estatísticas e projeções de Hill, eles decidem remontar o time inteiro. O único fator importante para eles: se o jogador consegue chegar na primeira base com frequência. Não importa se ele é velho demais ou já foi preso ou tem fama de drogado. Uma comparação tosca e errada mas digamos que quem chega mais na primeira base seria quem faz mais gol. Eles contratam, digamos, um zagueiro que faz bastante gol. Mas resolvem botar o cara de atacante. O zagueiro não entende nada daquela posição, mas os números dizem que ele faz bastante gol então é lá que ele vai ficar. É exatamente isso o que Pitt e Hill fazem. Claro, problemas acontecem. Afinal, Pitt não é o técnico do time. Philip Seymour Hoffman é. E o técnico, assim como todo o resto do mundo, não entendem o que Pitt está pensando e bota o zagueiro que faz gol na zaga, naturalmente. Mas isso só faz com que Pitt troque os zagueiros bons por caras piores pro técnico não ter opção. E aí seguem os problemas.


A ideia é muito interessante e o mais legal é ver que ela aconteceu de verdade. Obviamente eu não vou falar se o plano (ou até que ponto) funciona. Confira você mesmo.

Nota 8

Prometheus (2012)

Direção: Ridley Scott
Roteiro: Jon Spaihts e Dan Lindelof
País: EUA

O mestre do sci-fi Ridley Scott, diretor de Blade Runner, revisita seu clássico Alien e volta ao gênero com um dos maiores lançamentos do ano, junto com The Avengers e The Dark Knight Rises. Mas o resultado é decepcionante.

Prometheus começa muito bem. Noomi Rapace e seu namorado são arqueólogos e encontraram o mesmo padrão em diversos rastros de civilizações antigas. Um onde os humanos parecem contemplar um céu com seis planetas sempre na mesma posição. Então descobrem que essa galáxia existe e lá vão eles atrás de respostas. O casal protagonista aposta que a criação da humanidade vem de lá. Eles nomeiam os aliens criadores como "engenheiros" e, caso encontrem algum vivo, querem saber qual é o sentido da vida e essas perguntas existenciais de costume.

Dois anos depois, uma empresa os contrata (e os funda), junto com uma grande equipe, para ir lá visitar e pesquisar esses planetas. Charlize Theron é a contratante e Michael Fassbender é robô que trabalha na espaço-nave com eles (exatamente como o HAL, mas ele parece humano) e Idris Elba é o capitão. Eles chegam, encontram uma construção, acham rastros de alienígenas e aí começa a tensão.

O filme é pretensioso. O primeiro ato é impecável mas depois o roteiro perde controle. Não só as milhares de perguntas que a trama nos dá não são respondidas, como Prometheus se torna um filme de ação chato e, de certa forma, previsível. Todos personagens são rasos e superficiais, com exceção de Noomi e Fassbender (o melhor do filme) que, pelo jeito, precisam ficar vivos a todo custo para que o resto de Prometheus faça sentido.


Visualmente, Prometheus é um espetáculo (dei essa nota só por causa disso). É tudo que você espera de um prólogo de Alien. Quem dera ter visto em IMAX ou até no cinema. Poderia ter sido uma obra prima da ficção científica moderna. Mas o roteiro é preguiçoso e acredito que vão deixar as respostas para uma continuação. Só vendo.

Nota 6.5

Safety Not Guaranteed (2012)

Direção: Colin Trevorrow
Roteiro: Derek Connolly
País: EUA

Divertido, e concordo com o cartaz quando diz "Back to the Future meets Juno."

Safety Not Guaranteed se passa em torno do anúncio nos classificados que está no pôster. Viagem no tempo. Aubrey Plaza (Parks & Recreation), a mocinha e protagonista, é uma estagiária de uma revista. Ela é designada a fazer uma matéria sobre a pessoa por trás desse anúncio, junto com seu "chefe" Jake Johnson (The New Girl) e Karan Soni. Jake também aproveita a empreitada pra encarar uma ex-colega com quem já teve um relacionamento e decide revisitar esses sentimentos.

O homem por trás do anúncio é Mark Duplass (The League) e logo de começo percebemos que ele é peculiar. Lembra o Dwight de The Office. Primeiro Jake decide entrar em contato mas é cortado. Então entra Aubrey e eles começam uma amizade bacana. Claro, no começo todos achamos que Mark é simplesmente louco pois viajar no tempo é impossível, e ele é extremamente paranóico, mas com o passar do filme, vemos que talvez ele tenha razão.

Nota 7

Oslo, 31 August (2011)

Direção: Joachim Trier 
Roteiro: Joachim Trier e Eskil Vogt baseado em livro de Pierre Drieu La Rochelle
País: Noruega

Ótimo retrato da depressão, por um primo de Lars Von Trier. Muitos críticos consideram até melhor do que Melancholia.

Anders é um ex-viciado que completou 10 meses na rehabilitação. Hoje ele tem uma entrevista de emprego, um dos primeiros passos para entrar na sociedade novamente. Então, nesse dia, ele volta a Oslo e revive sentimentos passados. Visita alguns familiares e melhores amigos. Todos ficam orgulhosos de verem Anders tão bem, limpo e aparentemente normal. Mas também percebem que existe uma certa depressão, uma espécie de sentimento de exclusão. Ele tenta interagir com as pessoas mas algo sempre o incomoda e faz com que ele se distancie. O filme se passa em um dia e fica aquele suspense de uma possível recaída de Anders. 

Em uma das cenas mais marcantes, depois de uma noite de festa com uns amigos, eles invadem um clube social pra tomar banho de piscina. Todos entram na piscina menos ele. A mulher que estava com ele, já na água, o chama mas ele só sorri. E então ele vai embora.

Nota 8

Looper (2012)

Direção: Rian Johnson
Roteiro: Rian Johnson
País: EUA

Looper se passa em 2074, quando a viagem no tempo já foi inventada, apesar de ser essencialmente ilegal. Ela é tão obscura que os únicos com acesso são mafiosos do mais alto calibre. Eles a usam com o seguinte objetivo: livrar-se de corpos. Matar alguém e esconder o corpo é muito trabalhoso então eles mandam o corpo pro passado e um agente (Looper) já contactado faz o trabalho e se desfaz do corpo - de forma que, no presente, quando a tal pessoa "precisa" morrer", o corpo dela nem existe mais.

Acontece que, bem, como os Loopers também são criminosos, as vezes a máfia manda eles mesmos para morrerem no passado. E então às vezes um Looper se mata, sem saber. Mas às vezes ele sabe. E às vezes quem foi enviado pro passado foge com outras intenções. É isso que acontece com Joseph Gordon-Levitt e Bruce Willis (o mesmo personagem).

A temporalidade de Looper não é tão complicada, apesar de dar um nós na mente do expectador em alguns momentos.  São aqueles assuntos de sempre. Se Bruce diz que X acontece, Joseph vai lá e faz Y, o que acontece? Bruce tem memórias falsas? Aquilo nunca aconteceu?


Naturalmente, viagem no tempo não é o único elemento futurista do filme. Os celulares são pedaços pequenos de vidro, algumas motos voam, a arma que os Loopers usam é um tipo de espingarda sem coice algum (heh), existe uma droga nova que é um colírio... E existem mutantes. Telecinése. É. Tudo bonito e bem pensado, mas nada marcante, assim como o roteiro.

Bom, mas só. Vale comentar a maquiagem do JGL, pois deixaram ele bem parecido com o Bruce Willis, o que ficou bizarro e assustador. Mas bem feito.

Nota 7.5

Take Shelter (2011)

Direção: Jeff Nichols
Roteiro: Jeff Nichols
País: EUA

Sensacional! Tava enrolando pra ver esse filme desde o ano passado (burrice minha não ter visto no cinema) mas agora foi.

Curtis (Michael Shannon, de Boardwalk Empire) é um engenheiro civil cuja mãe desenvolveu esquizofrenia pelos trinta anos. Ele está nessa idade e começa a ter visões/sonhos pós-apocalítpcas e dá-se início a uma forte paranóia e cinismo do personagem. Com sua mulher Samantha (Jessica Chastain, aquela linda de A Árvore da Vida), Curtis tem uma filha surda-muda que está agendada para ter uma cirurgia. Mas com Curtis piorando as coisas mudam.

Os sonhos, como ele mesmo diz, começam com uma tempestade, como se vê no cartaz. Uma chuva com ferrugem, uma água meio laranja. E normalmente é aí que, nos sonhos, acontece algo ruim, como tentam matá-lo ou sua família. É um aviso, isso é óbvio. E é por isso que ele fica paranóico. Sabendo de seu histórico familiar, Curtis também acha que está ficando louco. Então ele resolve criar um abrigo para iminente tempestade (comum em países onde tornados são uma ocorrência constante).


Take Shelter, na minha opinião, fala mais sobre esquizofrenia do que qualquer outra coisa. Mesmo, com o passar do filme, Curtis sabendo que suas visões não tem muito sentido, ele tem essa premonição de que algo terrível vai acontecer. Não tem como explicar. Durante as visões dele e em alguns momentos onde ele (quase) perde o controle, a gente sente muito medo. Felizmente sua mulher e filha sempre estão presentes para ajudá-lo. 

O filme tem duas cenas em particular que são fantásticas e, se você já viu, é meio óbvio saber quais são. Excelente filme. Atuações ótimas. Esses dois atores têm muito futuro. Definitivamente entraria no meu Top 10 melhores de 2011.

Nota 9.3

Perfect Sense (2011)

Direção: David Mackenzie
Roteiro: Kim Fupz Aakeson
País: UK, Suécia, Irlanda e Dinamarca

Bom! Não estava esperando nada e recebi um bom drama sobre epidemias.

Perfect Sense fala sobre uma doença que tira os cinco sentidos dos infectados, em ordem: olfato, paladar, audição, visão e tato. Ninguém sabe a origem da doença e ninguém sabe a cura. Ou seja, tem umas noções apocalípticas interessantes. Eva Green estuda epidemiologia e está envolvida com o processo de análise da doença e Ewan McGregor é um chef e trabalha num restaurante perto da casa de Eva. Bonitos como só eles, eles começam uma relação na mesma época que a epidemia inicia e tem que lidar com isso.

Pela sinopse, Perfect Sense lida com um problema sério no cinema: ser dramático demais. Mas isso não acontece. Claro, não tem solução e você sente o desespero da humanidade junto, mas ficou tudo tão bem feito que você não nota. Não tem gente chorando sem parar e personagens suicidas.

Pode ser que isso não seja tão realista, mas, convenhamos, com a Eva Green (ou Ewan McGregor, pra quem curte) do meu lado, eu não me sentiria tão mal assim.

Nota 7.8

A Serbian Film (2010)

Direção: Srdjan Spasojevic
Roteiro: Srdjan Spasojevic e Aleksandar Radivojevic
País: Sérvia

Decepcionado.

Eu diria que, pelo que li na internet durantes esses últimos dois anos, A Serbian Film é um dos filmes mais polêmicos que foram feitos. Extremamente perturbador, diziam. Eu esperava no mínimo bastante violência extrema, mas... bom, vamos à review.

A ideia de A Serbian Film é excelente. Milos é um ex-ator pornô que resolve topar uma nova produção pela quantia enorme de dinheiro que iria ganhar. O problema é que logo no começo ele nota que os caras querem filmar um filme snuff e não um pornô. O que é um filme snuff, você se pergunta? São "filmes" feitos para chocarem, mas, bem, de forma realista. É onde ninguém é ator (ou todos, quem sabe?) e, se matam alguém no filme, alguém realmente morreu. Sem efeito especial. Logicamente, por ser criminoso, não existem, digamos, profissionais famosos no mundo do snuff. Assim sendo, A Serbian Film toca nessa ideia de que, no mundo dos milionários loucos, existem cineastas igualmente loucos que filmam esse tipo de coisa por dinheiro. Ou seja, Milos vai "trabalhar" e nota que o filme envolve pedofilia, necrofilia, estupro... E, acreditem, tem mais.

Nesse caso, o genial da ideia é que, assim como nós, Milos não sabe o que vai acontecer. Ele vai pra onde mandam, às vezes encontra uma mulher com quem ele transa na frente das câmeras (como está acostumado) e acabou o expediente. Mas a medida que os dias passam, as situações vão ficando mais complicadas. Vukmir, o diretor do filme, é um visionário do snuff; qualquer reação inesperada é digna de ser filmada. Quanto mais real, mais artístico. Assim sendo, quando Milos resolve desistir do projeto, Vukmir começa a influenciá-lo com drogas e certos tipos de hipnose para basicamente controlar Milos como quiser. Quando Milos encontra vídeos do que fez, aí sim vemos o quão doente é Vukmir e o tipo de cliente que ele tem.


O problema é que A Serbian Film se perde pela metade. Primeiro, certas cenas foram feitas claramente apenas com o objetivo de chocar as pessoas. Sim, qualquer estupro em filme, por exemplo, também é feito com essa função, mas isso depende do diretor e de como ele retrata isso. Às vezes funciona (vide Irreversível) e às vezes fica desnecessário e forçado, como nesse caso aqui. Em segundo lugar, existe uma linha entre um filme de terror que perturba com a sua violência realista e um filme trash cuja violência foi feita pra rir. A Serbian Film tem duas cenas hilárias (três, na verdade, contando com a última) que, sinceramente, é impossível que tenham sido feitas para serem levadas a sério. Se era pra ser engraçado, ótimo, eu ri, mas que faça o filme inteiro trash e que não tente ser "intenso e perturbador." Resolvi aumentar a nota só por causa dessas três que me fizeram rir muito.

Em certas partes eu achei que ia me encontrar com um filme brutalmente inesquecível. Mas não. É doentio e foi banido em diversos países, claro. Qualquer um faz isso. É só pensar nas ideias mais maldosas que você pode e filmar. Dá pra ver até claramente em que cena a maioria das pessoas parou de ver o filme ou decidiu que ele seria banido. Digamos que ela envolve um recém-nascido. Mas não. Não deu certo. 

Divertido para ver com quem curte trashs, aliás, tem que ser alguém com problemas que curta trash, mas é só.

Nota 7

OBS.: Esse cartaz pelo menos é bonito. E, se você já viu o filme, saiba que estou conversando com um amigo meu que viu A Serbian Film com a mãe. Pois é.

Puncture (2011)

Direção: Adam e Mark Kassen
Roteiro: Chris Lopata, Ela Thier e Paul Danzinger
País: EUA

Baseado em fatos reais, Puncture é um ótimo e intenso drama sobre acidentes com seringas em hospitais americanos. 800,000 pessoas morrem ou ficam doentes com isso por ano. Existe alguma solução? Foi nisso que pensou Jeffrey Dancort. Ele criou uma seringa plástica cuja agulha imediatamente se retrai assim que a injeção é dada. Dessa forma, não somente ela evita acidentes com a agulha já usada, como também deixa de ser re-utilizável. Mas ter a "solução perfeita" e querer que todos hospitais a implantem não é tão simples assim.

Chris Evans faz um recém-formado (e junkie) advogado que tem uma pequena firma com seu melhor amigo, Mark Kassen (ator e diretor do filme). Mark faz o papel de Paul Danzinger, sim, um dos caras que escreveu o roteiro. Na sua firma, eles lidam principalmente com danos morais. Mas um dia eles conhecem a enfermeira Vicky, que teve um desses acidentes com agulhas num hospital e acabou sendo diagnosticada com AIDS. Os dois advogados querem ajudá-la, conhecem Dancort e aí começa a briga deles contra os hospitais, a Justiça e por aí vai. Kassen percebe que, bem, esse na verdade parece ser um caso muito maior do que eles podem sozinhos fazer mas Chris só pensa em fazer a coisa certa e implantar as seringas novas por todos EUA (ou talvez ele só queira ganhar na justiça contra os favoritos, sendo ele a zebra).


Puncture é um daqueles filmes que mostram o mercado por trás das câmeras que muita gente nem sabe que existe: a indústria farmacêutica. Não dá pra simplesmente inventar um remédio perfeito que cura tudo, se já existem contratos com outras empresas e a ganância humana. Todo mundo sabe que o capitalista prefere a solução que lhe dá 1000 reais e ajuda cem pessoas do que a que lhe dá 100 e ajuda mil.


Nota 8

Blue Valentine (2010)

Direção: Derek Cianfrance
Roteiro: Derek Cianfrance, Joey Curtis e Cami Delavigne
País: EUA

Um bom romance e drama, Blue Valentine relata por completo o relacionamento amoroso de Dean e Cindy (Ryan Gosling e Michelle Williams). Dean trabalha fazendo mudanças de móveis e Cindy estuda Medicina. Eles se conhecem no hospital onde a vó de Cindy estava. Dean estava lá deixando os móveis de um novo velhinho que iria habitar o local. Ele imediatamente é atraído por ela e começa a insistir. Eventualmente ela cede e aí começa.

Destaque do filme é como os atores ficaram bons em diversas idades. Blue Valentine não segue uma ordem cronológica de acontecimentos então pode dar uma cena do final de relacionamento e logo após uma do início. Naturalmente, Ryan e Michelle estão totalmente diferentes nelas. Ryan quase careca, meio gordo, e Michelle evidentemente "mais velha." Dean é um ótimo personagem. Ele é meio criança, sempre fazendo brincadeiras, mas com o passar do tempo, isso cansa Cindy. O teste do tempo.

Outra coisa que eu gostei foram as dosagens de drama e romance, digamos. Não é mais isso do que aquilo, é bem 50/50. Ou seja, como esperado, o filme é triste e também é bonitinho. E a trilha sonora, toda composta pela banda Grizzly Bear, é excelente. Especialmente esta aqui. Vídeo com cenas do filme (não é trailer). Aliás, gostei tanto dessa música que vou aumentar a nota do filme.



Vale a pena.

Nota 8.4

21 Jump Street (2012)

Direção: Phil Lord e Chris Miller
Roteiro: Michael Bacall e Jonah Hill baseado em seriado de Patrick Hasburgh e Stephen J. Cannell
País: EUA

Melhor comédia de 2012 até agora. Eu ri bastante do primeiro trailer. Depois eu vi vários comentários no Twitter a respeito, falando muito bem. Então vi uma outra cena nova e achei genial. Isso me fez ficar muito empolgado com o lançamento de 21 Jump Street e fico feliz em dizer que o filme não decepciona.

21 Jump Street originalmente é um seriado do final dos anos 80 que basicamente fez um teen idol de Johnny Depp. A trama bota dois policiais jovens e undercover num colégio americano em busca de dar fim a alguns crimes. No caso do filme de 2012, o chefe (Ice Cube) quer saber quem é o fornecedor da droga do momento. E o traficante descolado é ninguém menos que Dave Franco (namorado de Brie Larson no filme, nada mal).


A primeira coisa que você precisa saber sobre esse remake é que o filme é totalmente retardado. E ele sabe disso. E isso é ótimo. Em mais de uma vez, quando acontece algo que só funcionaria em Hollywood e alguém tenta dar sentido somente pra ser ignorado, conclui-se que, como dizem os personagens, "ninguém se importa." Nick Offerman (lendário Ron fucking Swanson) também ajuda nisso. Ele diz, quando menciona que 21 Jump Street é uma operação dos anos 80, que "o pessoal de hoje só pensa em reciclar material antigo e ficam esperando que ninguém note." Como eu nunca vi o seriado, comigo funcionou.

Os dois protagonistas estão muito bem. Jonah Hill segue fazendo o seu melhor (comédias idiotas e hilárias) mas a surpresa está em Channing Tatum. Quando você olha pra ele, e bota um contexto de high school americano, é gritante que ele faz parte do grupo dos jogadores de futebol americano e é super popular. Mas não é bem isso que acontece no filme. Ele ficou ótimo como policial disfarçado de estudante.

21 Jump Street também tem várias subversões dos clichês de filmes de ação e de high school. Destaque pras novas tribos sociais que Jonah e Channing não conseguem identificar e pro caminhão de galinhas. A melhor cena do filme (quando os protagonistas usam a tal droga) dura vários minutos e eu ri durante cada segundo dela. Parece exagero mas eu quase passei mal rindo (não ria tanto desde Horrible Bosses). E também posso citar umas cinco piadas que são simplesmente GENIAIS.

Definitivamente uma daquelas comédias pra ver mais de uma vez, pra lembrar de algumas ótimas risadas perdidas.

Nota 9

Indie Game: The Movie (2011)



Direção: Lisanne Pajot e James Swirsky
País: Canadá

Qual é a sua paixão? Ou o que você quer fazer quando crescer? Para Phil Fish (da recente Polytron Corporation), Edmund McMillen e Tommy Refenes (Team Meat), a resposta dessas perguntas sempre foi bem clara: video-games. Phil, com quatro anos, ganhou um NES de Natal e percebeu que ele queria viver disso. Como se vive de video-games? Enquanto se é criança, não se tem noção disso, mas depois percebe-se que é possível aprender e criar jogos então ele foi direto nesse caminho. Com o Team Meat foi similar.


Há alguns anos atrás, o mercado era complicado para desenvolvedores independentes de games. Basicamente o único jeito de se vender um jogo novo era botar cópias físicas do seu jogo à venda em lojas como Best Buy e Wal-Mart. Como o contrato é muito severo e se gastava muito mais dinheiro com isso antigamente, games independentes existiam mas pouca gente sabia. Seus criadores se limitavam a jogos de flash e botá-los no Kongregate por exemplo. Então faziam seus próprios blogs com ambições e futuros projetos na esperança de que alguém fosse descobrir e gostar. 

No começo dos anos 2000, a Valve (companhia de games criadora de obras-primas como Portal e Half-Life) criou a Steam, um software de distribuição digital de games. O que isso quer dizer? Quer dizer que eles faziam contratos com empresas grandes e elas deixavam a Steam botar seus jogos à venda nela. Basicamente: uma loja de video games online. Você não precisa sair de casa e ir na loja ver quais são os lançamentos. Abra a Steam que tem tudo na primeira página. Com poucos passos e um cartão de crédito, você compra um jogo por lá e ele fica liberado para você baixá-lo legalmente. Isso facilitou o mercado dos desenvolvedores independentes, não só porque o contrato era muito mais justo com eles, como também eles sentiam que estariam trabalhando com gamers, como eles.

Em 2008, foi lançado Braid. A princípio, é um side-scroller normal (jogo onde o personagem começa na esquerda da tela e avança a fase indo para a direita). O protagonista parece o Mário, você precisa salvar a princesa, você pula na cabeça dos monstros para matá-los... Mas pelo vídeo, nota-se que não é só isso. Braid não só é um espetáculo para ser visto e escutado, ele te dá a ideia de que você não precisa de vidas extras ou pontos pra ganhar. Simplesmente voltar no tempo. Por quanto tempo você quiser. Por esse conjunto, o jogo, que estava (como sempre) em desenvolvimentos por anos e anos, quando foi lançado, recebeu centenas de críticas positivas. Ganhou prêmios e legiões de fãs. O mesmo aconteceu com Limbo. Em 2010, Limbo fez um sucesso extremo. Novamente, outro side-scroller. Mas são claras as características que fazem Limbo único. Isso motiva quem quer criar games.

Por que essa fascinação com jogos "retrô"? Como todos dizem em Indie Game, para desenvolvedores independentes, criar um game é acima de tudo expressar a si mesmo. Super Meat Boy (vendeu mais de meio milhão de cópias, quando, para um indie game, 25 mil significa sucesso e lucro) é dito como um jogo extremamente (talvez desnecessariamente) difícil. Edmund explica que antigamente os jogos eram muito mais difíceis. Hoje você dá um passo e aparece uma mensagem enorme "aperte X para pular." Por serem independentes, os criadores tem liberdade total nos jogos e trabalham tanto neles que chega a ser longe de ser saudável. No filme isso fica bem claro.


Fica bem claro que, por quatro, cinco anos, a vida deles é somente trabalhar no jogo. Fica claro o esforço deles. A paixão. Num festival de video game ano passado, a demo de Fez ficou disponível. Era a primeira vez que o jogo ficava público desde a... primeira vez que ele tinha sido mostrado, anos atrás. E logo no começo, quando um curioso pega o controle do Xbox pra testar o demo, o jogo trava. E depois trava em outra parte. E de novo. Com tanto esforço e cuidado, como isso é possível? Dá pra ver claramente que é esse também o pensamento de Phil. "Cada vez que o jogo falhava, eu sentia como se fosse um enorme fracasso pessoal." Mas é assim que eles aprendem. 

Uma parte que achei muito interessante de Indie Game é uma entrevista com Jonathan Blow, o criador de Braid. Lançar o seu jogo é como polir uma mensagem por muitos anos e finalmente entregá-la. Perfeita e ideal, da forma como você queria que ela fosse entregue. O problema (da comunicação, inclusive) é se ela vai ser entendida pelos outros. Sim, Braid recebeu críticas ótimas e prêmios, mas quando foi lançado, o criador ficava na internet lendo (e respondendo) opiniões que falhavam em ver o que ele via. O jogo não é só isso vocês estão dizendo. Tem muito mais. Não é só isso.


O principal destaque de Indie Game é ver o progresso do tempo. A data de lançamento (ou do trailer ou do demo ou de alguma coisa) se aproxima e os criadores precisam pegar essa chance porque, se não, vão ter que explicar para os (poucos) fãs que o jogo vai demorar mais meio ano. Phil (Fez) é daqueles que se preocupa se as pessoas vão gostar do jogo. "Queria não me importar com isso, mas me importo." Tommy (SMB) já é mais desapegado. Ele só quer lançar o jogo. Eles precisam lançar o jogo. Não importa se vender muito, ou se só receber críticas negativas. O importante é que ele terminou o projeto dos seus sonhos.

Se você tem o mínimo interesse em video game ou quer ver gente apaixonada pelo que faz trabalhar, veja esse documentário. E segure as lágrimas.

Nota 9.4

PS.: Fez foi lançado depois desse filme e o resto é história.

The Cabin in the Woods (2011)



Direção: Drew Goddard
Roteiro: Joss Whedon e Drew Goddard
País: EUA

Genial!

Antes de mais nada, é preciso dizer que é muito difícil comentar esse filme e as ideias que ele mostra sem estragar esse post e enchê-lo de spoilers. Mas vou tentar.


Pelo trailer de The Cabin in the Woods, não se espera nada demais. Espera-se clichês de filmes de terror. Grupo de jovens, fim de semana, casa na floresta, merda acontece e, bem, muita gente morre. Pelo cartaz, espera-se Cubo. O que se recebe é um prato cheio para fãs do cinema de horror. Logo no começo, com diversas e pequenas dicas, já se percebe que a premissa do trailer é uma fachada e que tem algo muito sério acontecendo. O roteiro é escrito de tal forma que te deixa sempre curioso, pois nunca revela muito de uma vez só. Certos aspectos da comédia você simplesmente aproveita, mesmo não entendendo muito bem o que está acontecendo.

Assim como em The Avengers te faz, em inúmeras cenas, pensar "ISSO! Está tudo tão... CERTO! É assim que um filme nerd de super-heróis deveria ser!", The Cabin in the Woods te faz pensar o mesmo sobre filmes de terror. Porém não é algo que vai poder ser repetido, porque agora a ideia já foi usada e quem resolver imitar, vai ser uma cópia descarada. Então fica aqui meu obrigado a Joss Whedon e Drew Goddard por um roteiro fantástico.

Nota 9

Adendo: Eu honestamente gostei mais desse filme do que The Avengers, mas por um simples e injusto motivo. Não estava esperando nada sobre The Cabin in the Woods (inclusive nem queria de fato ver, só fui por Joss Whedon e pelas várias críticas positivas). E The Avengers, já tinha um hype desgraçado. Nota igual pra não ter injustiça.

The Avengers (2012)

Direção: Joss Whedon
Roteiro: Joss Whedon e Zak Penn baseado em quadrinhos de Stan Lee e Jack Kirby
País: EUA

Se você não conhece Joss Whedon, você não manja de nerdice.

Brincadeira. Não tenho muito o que falar sobre o filme. Todo mundo já sabe a história, viu o filme e leu reviews. E, de fato, The Avengers não decepciona nem um pouco. É como falam. Paraíso nerd. Ver os Vingadores destruindo aliens (e Manhattan) foi lindo demais. Como eu já vi a internet pirar com mais de 8000 cenas excelentes, resolvi fazer então um Top 5 Cenas Favoritas. Sem ordem alguma.


1 - "His first name is Agent."

Tony Stark + Pepper Potts. Agent Phil aparece no apartamento, Pepper é simpática e chama Phil pelo primeiro nome. Tony retruca.

2 - "It's some kind of... electricity."

Homem de Ferro pede ajuda pro Capitão América em relação a uns eletrônicos. O Capitão, bem, não manja muito sobre isso. Quando ele chega no seu destino, é isso que ele fala.

3 - "Hulk... SMASH!"

Capitão América dando ordens para todos Vingadores, como um líder natural, como deve ser. Quando chega a vez do verdão, ele só fala isso.

4 - Hulk tentando levantar o Mjolnir e não conseguindo.

Quão foda é Thor?!

5 - Hulk DESTRUINDO Loki.



Menções honrosas:

6 - Hulk dando uma porrada no Thor SEM MOTIVO ALGUM depois de um combate em equipe.

Bromance no seu melhor.

7 - Hulk cai do céu, fica inconsciente e vira Bruce Banner. Um velho olhou tudo.

Velho: Are you an alien? Like from outer space.
Bruce: No.
Velho: Well, then, son... You've got a condition.

8 - Thor + Mjolnir batendo contra o escudo do Capitão América na floresta.

Porque né.



Adendo #1: Eu não vi o filme do Capitão América, mas deu pra entender tudo sem problemas. Obrigado, Joss Whedon.

Adendo #2: Adorei Mark Ruffalo como Hulk e Jeremy Renner como Hawkeye.


Nota 9

Goon (2011)

Direção: Michael Dowse
Roteiro: Jay Baruchel e Adam Goldberg baseado em livro de Adam Frattasio e Doug Smith
País: Canadá e EUA


Goon é um filme de hockey que na verdade fala mais sobre a pancadaria legalizada por trás do esporte. O filme está fazendo um sucesso enorme aqui (essencialmente, por ser um filme de canadenses para canadenses) mas, como fã da NHL, também pude apreciar esse ótimo retrato dessa pequena parcela da América do Norte. Jay Baruchel co-escreveu, produziu e é um dos principais personagens do filme. Ele faz um adolescente viciado em hockey que tem um podcast em vídeo onde comenta os jogos e, em destaque, os maiores hits e lutas das partidas. 

Na grande maioria dos esportes em equipe, a função de um defensor, por exemplo, é marcar (ou impedir) que o atacante do outro time avançe. Isso, com o passar dos vários minutos de qualquer partida, cansa ambos jogadores e, claro, com um trash talk ali ou aqui, tudo começa a parecer pessoal. É muito comum então algum deles fazer uma jogada ilegal com o propósito de desabilitar o adversário fisicamente. Um carrinho bem dado e jurar que foi na bola, no futebol. Bom, quando as coisas ficam quentes assim e, para evitar essas jogadas baixas e "por trás das câmeras", no hockey, é permitido socar (sim) o adversário. Se os dois julgam necessário e querem se "desestressar um contra o outro", eles tiram as luvas e se atacam. O jogo para até algum sair "vitorioso" ou de pé. Quando isso acontece, naturalmente, todos os fãs e envolvidos, começam a torcer para o respectivo jogador de sua equipe e, bem, todo mundo vai a loucura , quer ver sangue e o adversário "sair da luta" imóvel. Basicamente. O filme retrata isso muito bem. 

O melhor amigo de Jay é Seann Williams Scott (conhecido por todo mundo como o Stiffler de American Pie), um brutamontes estúpido (ele mesmo diz) que trabalha como segurança de um bar. Seann só é bom em uma coisa e ele sabe disso: dar porrada nos outros. Depois de uma pancadaria nas arquibancadas de um jogo da segunda divisão, ele ganha a atenção de um caça-talentos. O profissional vê potencial em Seann. Em pouco tempo, ele faz parte dos Halifax Islanders e, como grande parte dos times de segunda, a situação não tá boa. Jogadores velhos demais, ninguém se importa realmente com ganhar ou não e a estrelinha do time muito menos - e ele também nem pode jogar bem se o time não ajuda. Não preciso nem dizer, mas com Seann, tudo começa a melhorar e o time passa a ver a glória de uma ascenção.

O principal conflito de Goon, porém, está em Ross Rhea, um jogador que, assim como Seann, ganhou a fama e habilidade sendo o tank do time. Rhea ainda atua na mesma liga e nada como um novo prodígio pra fazer os da velha guarda ficarem receosos e precisarem defender o seu título ou status como melhor. Naturalmente a briga entre os dois é o ápice do filme e Goon constrói tudo tão bem a tal momento que é impossível não ficar empolgado e se ajeitar na cadeira quando fica claro que a cena vai acontecer. Sensacional.

Queria dizer que você não precisa gosta de esportes pra gostar de Goon mas não garanto. É preciso, sim, entender trabalho em equipe, sentir orgulho de fazer parte de um grupo e, desde que você veja aquele outro cara com o mesmo uniforme seu, saber que ele vai fazer sua função em prol de um resultado positivo.

Nota 8.9

Hugo (2011)


Direção: Martin Scorsese
Roteiro: Josh Logan baseado em livro de Brian Selznick
País: EUA

Primeiro filme em 3D de Martin Scorsese. Pelo trailer, parece um filme infantil qualquer e todos se espantam ao ver o nome de Scorsese. Por que raios ele está fazendo um filme em 3D e por que raios assim? Mas vocês se enganam. Scorsese dá conta do recado mais uma vez.

Hugo é um orfão que mora dentro dos enormes relógios de uma estação de trem em Paris, 1930. A única coisa que ele tem de seu pai (Jude Law, que aparece pouco) é uma espécie de boneco/robô incompleto. Logo no começo do filme, Hugo, junto de Chloe Moretz, soluciona esse mistério mas apenas para encontrarem outro. O robô foi programado para desenhar uma imagem num papel. Ele desenha. Mas o que aquilo significa? Qual a ligação disso com Hugo e seu pai?

O 3D ficou ótimo. Logo nas primeiras cenas, planos abertos da estação, percebemos que Scorsese não está brincando. Tudo é muito bem feito e sabiamente usado (como acontece em The Cave of Forgotten Dreams). Outro ponto bom de Hugo são os dois coadjuvantes Sacha Baron Cohen, como o guarda da estação e essencialmente o vilão, e Ben Kingsley, como tio de Chloe e mecânico da estação.


É difícil falar mais sobre o filme sem dar spoilers importantes então fico por aqui. Só digo isto: se você é interessado ou sabe sobre a história do cinema, veja esse filme! Manly tears são garantidas.

Nota 9.2

Margin Call (2011)

Direção: J.C. Chandor
Roteiro: J.C. Chandor
País: EUA

Margin Call fala sobre os homens que previram a crise econômica de 2008.

Tudo aconteceu quando, em um dia qualquer, uma empresa financeira despedia 80% de um dos seus setores. O chefe do setor inclusive, Stanley Tucci, é um deles. Minutos antes de ir embora, porém, ele dá um pendrive com todas informações sobre seu atual projeto, que não irá conseguir acabar pois foi demitido. Quem recebe as informações é Zachary Quinto, um dos pupilos de Stanley. Assim que o pendrive é entregado, Stanley diz "tenha cuidado." Curioso, Quinto resolve trabalhar sem parar no projeto enquanto seus amigos Paul Bettany e Penn Badgley saem pra beber pra comemorar não terem sido despedidos. Algumas horas de análise e projeções depois, Quinto chega a uma terrível conclusão. Imediatamente ele liga pros dois e a partir daí começa uma reação em cadeia de cada um ligando pro seu respectivo chefe para alertá-los da situação. Mas de uma coisa todos sabem: vai dar merda.

Com um elenco fortíssimo (Zachary, Penn, Stanley, Paul, que já mencionei, mais Kevin Spacey, Demi Moore e Jeremy Irons), Margin Call consegue passar com sucesso a sensação de "estamos na beira de uma crise econômica." Logo no começo, quando é apenas o trio inicial que sabe das más notícias, dois deles estão num carro voltando pro escritório. Zachary nota as pessoas na rua, na noite, normalmente, se divertindo, como de costume. Ele diz "olha pra essas pessoas, elas não fazem a menor ideia do que vai acontecer." O filme também tem dois discursos marcantes, sobre, digamos, a filosofia da economia, um por Paul e um por Jeremy no final. Afinal, quando se é o primeiro grupo de pessoas a ter informações como estas, certas ações podem (ou devem) ser tomadas, tudo depende da ética. "Temos que fazer a coisa certa" mas "a coisa certa pra quem?".

Nota 8

The Girl with the Dragon Tattoo (2011)

Direção: David Fincher
Roteiro: Steven Zaillian baseado em livro de Stieg Larsson
País: EUA, UK, Suécia e Alemanha

Excelente.

Não sei o que me atraiu a esse filme primeiro. David Fincher em geral, David Fincher adaptando um thriller sueco ou a incomum parceria entre Daniel Craig e Rooney Mara. Apesar de que, confesso, minutos antes de começar, eu só pensava na Rooney e tinha quase esquecido do Fincher.

Vamos à trama: Craig é um jornalista investigativo que acabou de passar por uma merda profissionalmente. Tudo que ele quer agora é fugir da pressão por alguns dias. E é o que acontece. Um senhor milionário entra em contato com Craig, em relação a um crime cometido na sua família há décadas atrás. A família Vanger era dona de uma pequena ilha na Suécia e, um dia nos anos 60, quando um acidente de carro bloqueou completamente o único acesso à ilha, uma das filhas da família simplesmente desapareceu. A única solução possível? Alguém a matou e a enterrou na própria ilha. Mas por quê? E quem? Trata-se da ilha, afinal, ou seja, só pode ter sido culpa de algum parente.

Por outro lado, temos Rooney Mara, uma adolescente gótica e hacker. Extremamente anti-social e não-convencional, Mara costumava trabalhar para o governo, tamanha suas habilidades em conseguir informações privadas de, bem, quem ela quiser (ou quem mandarem ela conseguir). Sem família ou amigos alguns, nota-se de começo que ela já passou por muita merda na vida. E, sim, ainda passa, como nos mostra o começo do filme, mais de uma vez. Eventualmente os dois cruzam caminhos e permanecem juntos.


Essa trama investigativa já foi plano de trabalho de Fincher, com Zodíaco. Os tais casos aparentemente sem soluções. Em ambos filmes, ele consegue nos deixar muito interessados nos mistérios, até que você começa a pensar como os personagens e investigar como eles. Ambos os filmes também tem quase três horas e mesmo assim aparecem apressados, mas por um bom motivo: baseado em livros de quase 400 páginas cada.

Mas o maior destaque de The Girl with the Dragon Tattoo é Rooney Mara. Seu personagem é marcante e achei impressionante ela fazer algo assim no "começo" de carreira. Um papel assim definitivamente muda uma pessoa e ela vai olhar para novos roteiros com outros olhos. De acordo com o IMDb, ela está envolvida no próximo projeto de Kathryn Bigelow (The Hurt Locker) e em outro com Terrance Malick (The Tree of Life) e eu acho isso excelente. Espero que ela mantenha o cabelo curto.


Os mistérios são explicados com clareza, as atuações são boas, a trilha sonora (composta por Trent Reznor, do Nine Inch Nails, que também trabalhou com Fincher em The Social Network e inclusive ganhou vários prêmios por ela), embora mal apareça, tem sua importância e não é ignorada. Also, foi um dos únicos filmes de 2011 que me deu uma vontade absurda de rever logo depois que eu saí do cinema. Aprovadíssimo.

Nota 9.3

The Artist (2011)

Direção: Michel Hazanavicius
Roteiro: Michel Hazanavicius
País: França e Bélgica

Aprovado!

George Valentin é uma estrela do cinema mudo. Ele e seu pequeno cachorro são muito carismáticos e, apesar de seu orgulho de estrela o cegar às vezes, é difícil não gostar do ator. Um dia ele encontra uma fã chamada Peppy Miller que lhe prende a atenção. Infelizmente, como todos encontros fugazes e aleatórios, eles se separam e a vida continua. Mas Peppy não desiste. Ela vai atrás de George, num estúdio de cinema e atrai um membro da produção que logo a convida para ser uma extra de um filme. Em pouco tempo, ela encontra George novamente. Ele demonstra interesse em trabalhar com ela (mesmo Peppy não sendo atriz profissional) e, bom, a vontade do ator é suprida. 

Peppy começa a crescer como atriz. Alguns anos depois, uma grande mudança acontece. Os filmes passam a ter sons e vozes. George, antiquado e orgulhoso do seu trabalho, recusa essa evolução. Peppy aceita e dispara em direção ao estrelato. Ela fica extremamente famosa enquanto George, recluso a fazer filmes com seu próprio dinheiro e se aventurando como diretor, é jogado às traças. Então cabe aos dois lidar com essa mudança revolucionária no cinema, assim como, claro, o seu relacionamento. 


Parece de fato estranho ver um filme mudo em pleno 2012. The Artist mostra que é um filme bom é bom indiferente da tecnologia da sua época. Claro, um filme hoje em dia onde ninguém fala é muito incomum e talvez incômodo de se assistir pra muita gente. Mas logo que a música começa, entra-se no filme e percebe-se com clareza as intenções, pensamentos e opiniões de cada personagem. 

Eu daria 7 e alguma coisa pro filme mas tem uma cena em particular que é simplesmente genial. A cena do sonho do George. Excelente ideia. Dando 8 só por ela.

Nota 8

Sobre o GG 2012: Concordo com melhor ator e melhor trilha sonora. Ganhou também melhor comédia ou musical... Fico feliz que tenha ganho de Midnight in Paris, mas eu gostei tanto de Bridesmaids e 50/50. Principalmente 50/50. Bem, entendo que apesar de ser muito bom, não é material pra GG. Enfim. Perdeu atriz coadjuvante pra The Help, não vi então não comento. Diretor pra Scorsese, faz total sentido. E roteiro pro Woody Allen. Também faz sentido, o roteiro é o melhor do filme dele e, afinal, é o Woody.

Sherlock Holmes: A Game of Shadows (2011)

Direção: Guy Ritchie
Roteiro: Michele Mulroney e Kieran Mulroney, baseado em obra de Arthur Conan Doyle
País: EUA

Melhor do que o primeiro.

No segundo filme da saga de Guy Ritchie, com os excelentes RDJ e Jude Law, enfim encontramos o famoso personagem do Professor Moriarty, considerado pelo próprio Holmes como "o Napoleão do crime" e retratado de forma digníssima por Jared Harris (Fringe, Mad Men). Ele encaixa perfeitamente o perfil de vilão britânico. Em A Game of Shadows, Sherlock se depara com seu maior caso até hoje. Ele percebe ligações entre eventos internacionais diversos e nota que tudo beneficiaria, a longo prazo, o tal professor. Logo então Holmes percebe que Moriarty é, bem, exatamente como ele: inteligente, lógico, planejador, manipulador, carismático e todas aquelas características que bem sabemos que Hous-, digo, Holmes tem. 

A ação funciona muito bem, assim como a comédia. Infelizmente aquela linda da Rachel McAdams aparece pouco. O filme também é mais fácil de entender do que o primeiro, não tem tantos plot twists e o extenso uso de primeirrísimos planos enfoca todos os detalhes que a audiência precisa perceber. E o final é ótimo.

Nota 8.9

The Descendants (2011)

Direção: Alexander Payne
Roteiro: Alexander Payne, Nat Faxon e Jim Rash baseado em livro de Kaui Hart Hemmings
País: EUA

Bom, bom. E nomeado a cinco GG nesse ano.

George Clooney é um advogado. Ele também é dono de uma porção enorme de terra que pretende vender. Ele não mora mais com a esposa, mas nenhum pediu divórcio ainda. Ele não tem contato com as duas filhas. E lida uma vida relativamente agradável. Então um dia a esposa sobre um acidente na praia e entra em coma. Isso faz com que ele volte pra sua casa antiga e lide com suas filhas e tudo que ele deixou pra trás.

Antes de mais nada, é bom dizer que The Descendants se passa no Havaí. Eu não sabia disso quando fui ver o filme, mas foi uma ótima surpresa. Paisagens lindas. Logo nos primeiro minutos do filme, Clooney faz um pequeno monólogo sobre como o Havaí não é como você pensa. Não é praia, praia, praia o dia inteiro e ninguém trabalha. Sim, praias em todos os lugares e muita gente usa roupa praiana o tempo inteiro, em geral, é um lugar normal com cidades normais. Eventualmente Clooney descobre que sua esposa estava o traindo (não é spoiler, mostra no trailer, então não enche). Então ele e as filhas começam essa jornada de descobrir quem é o cara e tudo mais.

Pelo trailer, eu julgava que iria rir mais do que me emocionar, mas o filme é mais triste do que eu esperava. O que, claro, é uma coisa boa. Então, fica a dica.

Nota 7.8

Breves comentários sobre o GG: Não deve ganhar melhor filme. Clooney talvez ganhe melhor ator, mas vou torcer pro Fassbender. A filha mais velha concorre a melhor atriz coadjuvante. Ela é bonita e atua bem, mas não. Melhor diretor também não. Nem melhor roteiro. E era isso.