Argo (2012)

Direção: Ben Affleck
Roteiro: Chris Terrio baseado em livro de Antonio J. Mendez e artigo de Joshuah Bearman
País: EUA

Baseado em fatos reais.

Lá pelos anos 70, os EUA já tinha a mania de "implantar a democracia" por causa de petróleo em países do Oriente Médio. Eles e o Reino Unido planejaram um coup d'état, tiraram o presidente do Irã do comando e botaram um substituto no lugar. A população, naturalmente, ficou furiosa e algum tempo depois, o substituto ficou seriamente doente. Os EUA tiraram o cara do país "para melhores cuidados" e enquanto isso os iranianos não tinham quem depor. Os revolucionários resolveram invadir e tomar conta da embaixada americana no Irã e capturaram vários reféns. Argo fala sobre os seis que conseguiram fugir.

Tony Mendez (Affleck) é um especialista de "exfiltração" do CIA, ou seja, ele entra disfarçado em situações para tirar pessoas de lá. Ele e seu chefe (Bryan Cranston) surgem com um plano para salvar os reféns, atualmente escondidos na casa do embaixador canadense, lá no Irã. E o plano deles é o seguinte: Affleck vai pro Irã como um cineasta canadense. Ele está viajando pelo Oriente Médio procurando locações para filmar uma ficção científica. Ele chega no Irã, o resto de seu grupo (os seis reféns) chegam no outro dia e, uns dias depois, todos vão embora do país juntos. Ou seja, eles terão de fingir que são diretores, cameramen, roteiristas e por aí vai. O problema é sair por aí (e passar por um aeroporto) numa cidade tomada pelas forças revolucionárias, quando todo país sabe que seis reféns fugiram e estão sendo procurados.

A melhor palavra pra definir Argo é tenso. A qualquer momento pode dar algum problema; alguém pode apontar pra você na rua gritando "é ele, é ele!" que todos se viram e danou-se. Não só isso como o filme também é uma corrida contra o próprio CIA pois alguns superiores não gostaram dessa ideia e pretendem montar uma armada para resgatar os reféns à força.

É daqueles suspenses que te deixam na beira da cadeira. Muito bom.

Nota 8

O Mestre (2012)

Direção: Paul Thomas Anderson
Roteiro: Paul Thomas Anderson
País: EUA

Finalmente vi no cinema (em pré-estreia!) o novo e altamente antecipado filme do mestre PTA, diretor do clássico moderno There Will Be Blood. Se este é tão bom por causa do ator principal ser Daniel Day-Lewis, Joaquin Phoenix (e Philip Seymour Hoffman) o substitui perfeitamente.

O Mestre tem dois temas centrais: o pós-guerra americano depois da Segunda Guerra Mundial e a origem dos cultos. Freddie Quell é um sujeito simples e fuzileiro naval que, como muitos soldados dos anos 50, só sabe matar pessoas. Então quando a guerra acaba e eles estão livres para fazerem o que quiserem e "começar negócios", ele fica meio perdido. Ele assume alguns hobbies e empregos como fotografia mas, novamente, como muito soldados dos anos 50, Freddie ficou traumatizado com a guerra e, bem, não funciona direito na sociedade. Ele cai na bebida. Em uma noite qualquer, ele entra de penetra em uma festa num iate. Ele dorme lá e no dia seguinte conhece o comandante Lancaster Dodd (Seymour), que, de acordo com o mesmo, é "um escritor, médico, físico nuclear, filósofo teórico, mas acima de tudo, um homem, como você."

Lancaster Dodd tem um "culto" chamado A Causa, que fala sobre aliens de trilhões de anos e viagens mentais no tempo, misturando hipnose com auto-ajuda. É, confuso, mas logo no primeiro encontro de Freddie com Dodd, quando Dodd percebe que encontrou um "discípulo e cobaia", vemos os métodos d'A Causa podem funcionar. Freddie vira o queridinho do grupo e, junto da família toda que inclui Amy Adams como esposa, eles viajam pelos EUA espalhando A Causa.

Com o passar do tempo, surge muito ceticismo. De acordo com críticos, Dodd não passa de um cultista, pois ninguém pode discordar dele e somente sua opinião é certa. Isso não é ciência. Até o próprio filho de Dodd acha que seu pai não sabe do que está falando e inventa coisas a medida em que abre a boca. Resta ao nosso protagonista Freddie distinguir mentira de verdade, gênio de lunático, ascenção de demência.


Atuações soberbas, trilha sonora pertinente, roteiro com sentido e direção, cinematografia, como de costume, única. Sem dúvida, O Mestre é um filme daqueles que pedem para ser revistos logo em que acaba. Vejam e vejam de novo.

Nota 9.5

Pitch Perfect (2012)

Direção: Jason Moore
Roteiro: Kay Cannon baseado em livro de Mickey Rapkin
País: EUA

Confesso que vi Pitch Perfect apenas por motivos de: Anna Kendrick. O roteiro foi feito por uma produtora de 30 Rock e BFF da Tina Fey, uma curiosidade.

Beca (Anna) está começando a faculdade. Ela faz remixes como hobby, adora música e seu sonho é produzir em LA. Sem nenhum amigo (novidade), ela procura formas de passar seu tempo e se depara com o glee club da faculdade formado inteiramente por mulheres, as Barden Bellas, principais rivais do grupo famoso e popular de rapazes chamado Trebletones. Como sempre, ela não tem interesse (até experimentar pela primeira vez)porque, né, glee clubs são babacas e cheio de otários. Nesse primeiro mês de "tentando se achar" na faculdade, ela conhece Jesse (o mocinho) e Fat Amy (Rebel Wilson e, sim, ela se chama assim e a explicação é uma das melhores piadas do filme, então não vou contar). Fat Amy entra no clube e Beca vai junto. E então inicia sua jornada de volta para o estrelato onde as Barden Bellas era respeitado e não um fracasso ultrapassado.

É um filme divertido, nada mais. As piadas (principalmente da Rebel Wilson) são boas e, pra quem gosta de musicais modernos (Glee), eu recomendo.

Nota 6.5

The Perks of Being a Wallflower (2012)

Direção: Stephen Chbosky
Roteiro: Stephen Chbosky baseado em livro dele mesmo
País: EUA

The Perks of Being a Wallflower é, em suma, um filme sobre ser jovem e solidão.

Charlie (Logan Lerman, o Percy Jackson dos filmes) acaba de começar o high school e, claro, ele não tem nenhum amigo e sofre bullying. Depois de algumas aulas, descobrimos que ele é colega do outro rapaz do pôster, Patrick (Ezra Miller, o Kevin de We Need to Talk About Kevin). Patrick é descolado, parece simpático e faz piada com tudo e todos, ou seja, Charlie quer ser amigo dele. Em uma noite qualquer, Charlie senta perto dele num jogo de futebol americano da escola. Eis que chega Sam (Emma Watson), amiga de Patrick, e Charlie logo se apaixona por ela (eles, na verdade).

Sabe quando você conhece um grupo de amigos e eles são tão engraçados e divertidos que você parece estar intoxicado (de um bom jeito) por eles e fica feliz simplesmente na presença dos mesmos? É isso que acontece. Em meio de festas e curtidas, conhecemos mais sobre o passado de cada personagem, principalmente de Charlie e Sam, claro, o casal protagonista. Naturalmente, Sam começa a namorar outro cara e o mesmo acontece com Charlie (ele namora Mae Whitman, a Maeby de Arrested Development, que faz um personagem ótimo).

Um filme sobre adolescência e conformismo, expectativas e traumas. Aprovado.


Nota 7.5

God Bless America (2011)

Direção: Bobcat Goldthwait
Roteiro: Bobcat Goldhwait
País: EUA

Pela sinopse desse filme, você já sabe que ele é de humor negro. O protagonista está pra morrer e decide sair matando todo mundo que julga "ser o câncer da sociedade." Gente que atende celular e falan normalmente durante um filme no cinema. Vizinhos com a TV muito alta e um bebê que não para de chorar. Adolescentes da MTV com seu próprio reality show que reclamam pros pais que eles deram o carro errado pra ela. Gente que reclama não ter ganho um iPhone no Natal. 

Na primeira cena de God Bless America, em uma fantasia, o protagonista invade o apartamento vizinho e mata com uma escopeta o tal casal e, com um sorriso na cara, inclusive o bebê que não parava de chorar. Nessa hora você pensa "OK, vai ser esse tipo de filme." Felizmente não é bem isso, em diversos outros momentos, Frank, o nosso protagonista, faz discursos para os colegas ou amigos sobre como a sociedade atual (ou americana, convenhamos) é tóxica e não tem mais valores. No final do post vou postar um pedaço de um diálogo com o qual concordo bastante para mostrar o tipo de opinião que o filme expressa.


O que dá errado então em God Bless America? Primeiro, pelo menos pra mim é muito óbvio que todas as opiniões do filme são as opiniões do roteirista/diretor (ou, se não são, ele apenas copiou o que dizem) e isso nunca é bom. Se você quer reclamar do mundo, faça um blog ou escreva um livro a respeito. Não crie um personagem que é como você gostaria de ser. O mesmo acontece com o seriado The Newsroom, por exemplo, onde claramente as opiniões do protagonista são as mesmas de Aaron Sorkin. Em segundo lugar, se ele reclama tanto da sociedade ser "edgy", sair matando todo mundo que é chato é extremamente edgy. Você vai matar aquele cara só porque ele não ligou o pisca na hora de dobrar? Como você é radical, cara. Não quero discutir "os problemas da sociedade" aqui (até porque acredito que não tem solução) mas ninguém te força a ver TV ou a ver filmes ruins, então quando você reclama deles você só está sendo um pé no saco. Vá morar no meio da selva.

Naturalmente, por ser uma pessoa com bom senso, eu concordo com quase tudo que o protagonista diz. Mas né. Vou colar aqui o pedaço de diálogo que eu mais gost


Office Worker: So, you're against free speech now? That's in the Bill of Rights, man. 

Frank: I would defend their freedom of speech if I thought it was in jeopardy. I would defend their freedom of speech to tell uninspired, bigoted, blowjob, gay-bashing, racist and rape jokes all under the guise of being edgy, but that's not the edge. That's what sells. They couldn't possibly pander any harder or be more commercially mainstream, because this is the "Oh no, you didn't say that!" generation, where a shocking comment has more weight than the truth. No one has any shame anymore, and we're supposed to celebrate it. I saw a woman throw a used tampon at another woman last night on network television, a network that bills itself as "Today's Woman's Channel". Kids beat each other blind and post it on Youtube. I mean, do you remember when eating rats and maggots on Survivor was shocking? It all seems so quaint now. I'm sure the girls from "2 Girls 1 Cup" are gonna have their own dating show on VH-1 any day now. I mean, why have a civilization anymore if we no longer are interested in being civilized? 

Nota 7