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Mega Post Janeiro 2014

Ultimamente, cultivei o hábito de escrever no mínimo 200 palavras por crítica. Às vezes parece impossível, às vezes 200 é pouquíssimo - nestes casos, escrevo até cansar. Em Janeiro vi vários filmes e não escrevi nada concreto sobre eles, então resolvo fazer este resumo. Cinco filmes que vi no começo do ano.
  

 Frozen (2013)

Superestimado. É legal e aborda uns temas bem pertinentes mas não é o filme salvador da animação ocidental como todo mundo tá dizendo. Let It Go é muito boa.


Nota 7 


The Past (2013)

"Am I not suffering?"
Excelente. Do iraniano Asghar Farhadi, mesmo diretor e roteirista do também fantástico A Separation, de 2011. Esse cara sabe muito bem como fazer dramas familiares.

Nota 9


The Selfish Giant (2013)

Um daqueles dramas britânicos onde, quando o filme acaba e os créditos começam, todo mundo ainda fica sentado por um tempo pra absorver o que aconteceu. Brutal. 

Nota 8.5

Inside Llewyn Davis (2013)

"Estou cansado. Achei que uma boa noite de sono ajudaria, mas não é isso." Não tá fácil pra ninguém. O filme fala sobre um cantor de folk durante os anos 60. Engraçado que mesmo numa situação assim, consegui me identificar bastante com o personagem - quando são usados temas universais como deslocamento, existencialismo, entre outros. Um dos filmes mais apaixonados dos irmãos Coen. Nota 9


Dallas Buyers Club (2013)

Bom filme com excelentes atuações de Jared Leto e Matthew McConaughey. Os dois ganharam Oscar, afinal.

Nota 7.5

Pain & Gain (2013)

Direção: Michael Bay
Roteiro: Christopher Markus e Stephen McFeely baseado em artigo de Pete Collins
País: EUA

"My name is Daniel Luogo and I believe in fitness."

Quem diria que Michael Bay sabia fazer sátira tão bem?

Todos pensávamos o mesmo sobre Pain & Gain. Um filme (comédia) de Michael Bay sobre levantadores de peso criminosos, baseados em fatos reais. É, talvez seja bom. Eu só não esperava que fosse realmente... engraçado. 

É claro que tudo aconteceu em Miami; cidade das praias, riqueza e "pessoas bonitas." Bay capturou muito bem aqui a atmosfera superficial da Flórida dos anos 90. Nosso trio principal é The Rock, Mark Whalberg e Anthony Mackie. Wahlberg sendo o protagonista, Mackie seu braço direito e The Rock o "reforço." Outros atores famosos com destaque no filme: Ed Harris (papel perfeito pra ele), Rob Corddry e Ken Jeong.

Pain & Gain compartilha o mesmo tema principal (o sonho americano) de vários outros filmes de 2013, mas principalmente com um dos meus favoritos: Spring Breakers. LEVES SPOILERS DOS DOIS FILMES A SEGUIR: Aqui lidamos com personagens estúpidos e narcisistas, mas no filme de Korine eles faziam besteiras porque eram jovens e inocentes. Temos também a "glamourização" do ilegal; atalhos para "O Sonho Americano." Nos dois filmes, ele representa a mesma coisa: ser rico. Porém, é curioso como, depois de "ficar rico", o personagem de Wahlberg por exemplo, decide levar uma vida calma, aparentemente satisfeito com sua riqueza recém adquirida (vivendo na casa nova, sendo um bom vizinho, etc.). Eles acabam precisando de mais dinheiro devido ao vício em drogas do The Rock e o descuido de Mackie com o dinheiro. Por outro lado, as meninas de Spring Breakers procuravam algo mais abstrato: viver a "gangster life."

Tirando a sátira e as críticas a sociedade ocidental moderna de lado, esse filme é hilário e uma das melhores comédias do ano. 

Nota 8

Stoker (2013)

Direção: Park Chan-Wook
Roteiro: Wentworth Miller
País: UK / EUA

"Sabe quando vê uma foto sua que foi tirada quando não sabia que estavam tirando uma foto sua? De um ângulo que tu não consegue ver quando se olha no espelho? E você pensa 'Isso sou eu. Isso... também sou eu.' Sabe do que estou falando? É assim que me sinto agora."

Filme muito interessante sobre família, assassinato e sexualidade. Sempre fui um grande fã do Park Chan-Wook então estava muito empolgado com Stoker. Seu primeiro filme em Hollywood com atores famosos tipo Mia Wasikowska, Nicole Kidman e, um dos meus favoritos, Matthew Goode. Um elenco essencialmente bem escolhido, principalmente quando se fala do Goode; vejo poucos atores atuais com um olhar tão profundo e intimidador.

O filme é sobre uma família relativamente distante que, por descuidos do destino, costuma sofrer traumas e acidentes demais. Quando o marido da Kidman morre, o misterioso Goode (irmão ausente do marido) aparece para ajudar a esposa e sua sobrinha, Mia.

Stoker, com consistência, um filme perturbador. Crédito a Wentworth Miller (sim, o cara de Prison Break) e seu roteiro surpreendentemente bom. Chan-Wook, como sempre fez um excelente trabalho como diretor.

Mal posso esperar por seu próximo filme, seja o que for.

Hunger (2008)

Direção: Steve McQueen
Roteiro: Steve McQueen e Enda Walsh baseado em fatos reais
País: Inglaterra / Irlanda 

Posto a capa do DVD da Criterion porque é muito mais bonita que o cartaz do filme (normalmente é).

Você conhece o IRA. Irish Republican Army. Nos anos 80, um grupo de prisioneiros do IRA protestaram contra o governo em busca de status político do grupo. O filme mostra Bobby Sands (Michael Fassbender) e como ele liderou a greve de fome que foi feita.

Quando eu vi Shame (2011) no TIFF, todo mundo me falava do antigo filme de Steve McQueen (inclusive estive numa Q&A com o diretor e o Fassbender!) mas só vi Hunger agora. As similaridades são claras. Em ambos filmes, Fassbender fez um protagonista um pouco frio, onde somente tem um propósito e objetivo. No caso de Hunger, que sua mensagem seja escutada e entendida, e no caso de Shame, bem, o orgasmo. A cinematografia, como vocês podem ver no grid que fiz abaixo, também é parecida. Fria, azul, distante.


Excelente filme. Fassbender tá muito magro, a nível de Christian Bale em The Machinist. Talvez mais.


Sobre o grid: Já vi pessoas fazerem isso sobre vários flimes e diretores e é sempre bem interessante e bonito. Vou começar a fazer isso dos filmes que vejo no computador.

Nota 8.5

Argo (2012)

Direção: Ben Affleck
Roteiro: Chris Terrio baseado em livro de Antonio J. Mendez e artigo de Joshuah Bearman
País: EUA

Baseado em fatos reais.

Lá pelos anos 70, os EUA já tinha a mania de "implantar a democracia" por causa de petróleo em países do Oriente Médio. Eles e o Reino Unido planejaram um coup d'état, tiraram o presidente do Irã do comando e botaram um substituto no lugar. A população, naturalmente, ficou furiosa e algum tempo depois, o substituto ficou seriamente doente. Os EUA tiraram o cara do país "para melhores cuidados" e enquanto isso os iranianos não tinham quem depor. Os revolucionários resolveram invadir e tomar conta da embaixada americana no Irã e capturaram vários reféns. Argo fala sobre os seis que conseguiram fugir.

Tony Mendez (Affleck) é um especialista de "exfiltração" do CIA, ou seja, ele entra disfarçado em situações para tirar pessoas de lá. Ele e seu chefe (Bryan Cranston) surgem com um plano para salvar os reféns, atualmente escondidos na casa do embaixador canadense, lá no Irã. E o plano deles é o seguinte: Affleck vai pro Irã como um cineasta canadense. Ele está viajando pelo Oriente Médio procurando locações para filmar uma ficção científica. Ele chega no Irã, o resto de seu grupo (os seis reféns) chegam no outro dia e, uns dias depois, todos vão embora do país juntos. Ou seja, eles terão de fingir que são diretores, cameramen, roteiristas e por aí vai. O problema é sair por aí (e passar por um aeroporto) numa cidade tomada pelas forças revolucionárias, quando todo país sabe que seis reféns fugiram e estão sendo procurados.

A melhor palavra pra definir Argo é tenso. A qualquer momento pode dar algum problema; alguém pode apontar pra você na rua gritando "é ele, é ele!" que todos se viram e danou-se. Não só isso como o filme também é uma corrida contra o próprio CIA pois alguns superiores não gostaram dessa ideia e pretendem montar uma armada para resgatar os reféns à força.

É daqueles suspenses que te deixam na beira da cadeira. Muito bom.

Nota 8

Moneyball (2011)

Direção: Bennett Miller
Roteiro: Steven Zaillian e Aaron Sorkin baseado em livro de Michael Lewis
País: EUA

Muito bom. Não entendo de baseball mas sim de futebol e esportes em geral então vou compara-los.

Moneyball fala sobre baseball e o gerente (Brad Pitt) dos Oakland Athletics na temporada de 2002. Eles não são um time grande. São daqueles que sempre perdem para os principais, aqueles que se classificam mas nunca ganham campeonatos. Parte disso deve-se a que o patrimônio da franquia seja 39 milhões, enquanto a dos Yankees, por exemplo, é de 114. Com tão pouco dinheiro, como um time pode ganhar dos ricos que sempre contratam gente melhor? Como, por exemplo, o Bahia pretende ser campeão, quando existem São Paulo, Grêmio, Fluminense, Santos e por aí vai?

Um dia, Pitt vai a Cleveland tentar uma troca de jogadores e conhece Jonah Hill, um analista novato de jogadores. Depois de uma troca de ideias, Pitt o convence a trabalhar para Oakland e eles bolam um plano. Esportes como baseball não dependem de um jogador e sim do time inteiro. Ou seja, mesmo que gastassem todo seu dinheiro em um jogador excelente, o resto dos Athletics continuaria uma porcaria e eles seguiriam sem conseguir nada. 

Então, baseado num sistema de estatísticas e projeções de Hill, eles decidem remontar o time inteiro. O único fator importante para eles: se o jogador consegue chegar na primeira base com frequência. Não importa se ele é velho demais ou já foi preso ou tem fama de drogado. Uma comparação tosca e errada mas digamos que quem chega mais na primeira base seria quem faz mais gol. Eles contratam, digamos, um zagueiro que faz bastante gol. Mas resolvem botar o cara de atacante. O zagueiro não entende nada daquela posição, mas os números dizem que ele faz bastante gol então é lá que ele vai ficar. É exatamente isso o que Pitt e Hill fazem. Claro, problemas acontecem. Afinal, Pitt não é o técnico do time. Philip Seymour Hoffman é. E o técnico, assim como todo o resto do mundo, não entendem o que Pitt está pensando e bota o zagueiro que faz gol na zaga, naturalmente. Mas isso só faz com que Pitt troque os zagueiros bons por caras piores pro técnico não ter opção. E aí seguem os problemas.


A ideia é muito interessante e o mais legal é ver que ela aconteceu de verdade. Obviamente eu não vou falar se o plano (ou até que ponto) funciona. Confira você mesmo.

Nota 8

Oslo, 31 August (2011)

Direção: Joachim Trier 
Roteiro: Joachim Trier e Eskil Vogt baseado em livro de Pierre Drieu La Rochelle
País: Noruega

Ótimo retrato da depressão, por um primo de Lars Von Trier. Muitos críticos consideram até melhor do que Melancholia.

Anders é um ex-viciado que completou 10 meses na rehabilitação. Hoje ele tem uma entrevista de emprego, um dos primeiros passos para entrar na sociedade novamente. Então, nesse dia, ele volta a Oslo e revive sentimentos passados. Visita alguns familiares e melhores amigos. Todos ficam orgulhosos de verem Anders tão bem, limpo e aparentemente normal. Mas também percebem que existe uma certa depressão, uma espécie de sentimento de exclusão. Ele tenta interagir com as pessoas mas algo sempre o incomoda e faz com que ele se distancie. O filme se passa em um dia e fica aquele suspense de uma possível recaída de Anders. 

Em uma das cenas mais marcantes, depois de uma noite de festa com uns amigos, eles invadem um clube social pra tomar banho de piscina. Todos entram na piscina menos ele. A mulher que estava com ele, já na água, o chama mas ele só sorri. E então ele vai embora.

Nota 8

Puncture (2011)

Direção: Adam e Mark Kassen
Roteiro: Chris Lopata, Ela Thier e Paul Danzinger
País: EUA

Baseado em fatos reais, Puncture é um ótimo e intenso drama sobre acidentes com seringas em hospitais americanos. 800,000 pessoas morrem ou ficam doentes com isso por ano. Existe alguma solução? Foi nisso que pensou Jeffrey Dancort. Ele criou uma seringa plástica cuja agulha imediatamente se retrai assim que a injeção é dada. Dessa forma, não somente ela evita acidentes com a agulha já usada, como também deixa de ser re-utilizável. Mas ter a "solução perfeita" e querer que todos hospitais a implantem não é tão simples assim.

Chris Evans faz um recém-formado (e junkie) advogado que tem uma pequena firma com seu melhor amigo, Mark Kassen (ator e diretor do filme). Mark faz o papel de Paul Danzinger, sim, um dos caras que escreveu o roteiro. Na sua firma, eles lidam principalmente com danos morais. Mas um dia eles conhecem a enfermeira Vicky, que teve um desses acidentes com agulhas num hospital e acabou sendo diagnosticada com AIDS. Os dois advogados querem ajudá-la, conhecem Dancort e aí começa a briga deles contra os hospitais, a Justiça e por aí vai. Kassen percebe que, bem, esse na verdade parece ser um caso muito maior do que eles podem sozinhos fazer mas Chris só pensa em fazer a coisa certa e implantar as seringas novas por todos EUA (ou talvez ele só queira ganhar na justiça contra os favoritos, sendo ele a zebra).


Puncture é um daqueles filmes que mostram o mercado por trás das câmeras que muita gente nem sabe que existe: a indústria farmacêutica. Não dá pra simplesmente inventar um remédio perfeito que cura tudo, se já existem contratos com outras empresas e a ganância humana. Todo mundo sabe que o capitalista prefere a solução que lhe dá 1000 reais e ajuda cem pessoas do que a que lhe dá 100 e ajuda mil.


Nota 8

Blue Valentine (2010)

Direção: Derek Cianfrance
Roteiro: Derek Cianfrance, Joey Curtis e Cami Delavigne
País: EUA

Um bom romance e drama, Blue Valentine relata por completo o relacionamento amoroso de Dean e Cindy (Ryan Gosling e Michelle Williams). Dean trabalha fazendo mudanças de móveis e Cindy estuda Medicina. Eles se conhecem no hospital onde a vó de Cindy estava. Dean estava lá deixando os móveis de um novo velhinho que iria habitar o local. Ele imediatamente é atraído por ela e começa a insistir. Eventualmente ela cede e aí começa.

Destaque do filme é como os atores ficaram bons em diversas idades. Blue Valentine não segue uma ordem cronológica de acontecimentos então pode dar uma cena do final de relacionamento e logo após uma do início. Naturalmente, Ryan e Michelle estão totalmente diferentes nelas. Ryan quase careca, meio gordo, e Michelle evidentemente "mais velha." Dean é um ótimo personagem. Ele é meio criança, sempre fazendo brincadeiras, mas com o passar do tempo, isso cansa Cindy. O teste do tempo.

Outra coisa que eu gostei foram as dosagens de drama e romance, digamos. Não é mais isso do que aquilo, é bem 50/50. Ou seja, como esperado, o filme é triste e também é bonitinho. E a trilha sonora, toda composta pela banda Grizzly Bear, é excelente. Especialmente esta aqui. Vídeo com cenas do filme (não é trailer). Aliás, gostei tanto dessa música que vou aumentar a nota do filme.



Vale a pena.

Nota 8.4

Goon (2011)

Direção: Michael Dowse
Roteiro: Jay Baruchel e Adam Goldberg baseado em livro de Adam Frattasio e Doug Smith
País: Canadá e EUA


Goon é um filme de hockey que na verdade fala mais sobre a pancadaria legalizada por trás do esporte. O filme está fazendo um sucesso enorme aqui (essencialmente, por ser um filme de canadenses para canadenses) mas, como fã da NHL, também pude apreciar esse ótimo retrato dessa pequena parcela da América do Norte. Jay Baruchel co-escreveu, produziu e é um dos principais personagens do filme. Ele faz um adolescente viciado em hockey que tem um podcast em vídeo onde comenta os jogos e, em destaque, os maiores hits e lutas das partidas. 

Na grande maioria dos esportes em equipe, a função de um defensor, por exemplo, é marcar (ou impedir) que o atacante do outro time avançe. Isso, com o passar dos vários minutos de qualquer partida, cansa ambos jogadores e, claro, com um trash talk ali ou aqui, tudo começa a parecer pessoal. É muito comum então algum deles fazer uma jogada ilegal com o propósito de desabilitar o adversário fisicamente. Um carrinho bem dado e jurar que foi na bola, no futebol. Bom, quando as coisas ficam quentes assim e, para evitar essas jogadas baixas e "por trás das câmeras", no hockey, é permitido socar (sim) o adversário. Se os dois julgam necessário e querem se "desestressar um contra o outro", eles tiram as luvas e se atacam. O jogo para até algum sair "vitorioso" ou de pé. Quando isso acontece, naturalmente, todos os fãs e envolvidos, começam a torcer para o respectivo jogador de sua equipe e, bem, todo mundo vai a loucura , quer ver sangue e o adversário "sair da luta" imóvel. Basicamente. O filme retrata isso muito bem. 

O melhor amigo de Jay é Seann Williams Scott (conhecido por todo mundo como o Stiffler de American Pie), um brutamontes estúpido (ele mesmo diz) que trabalha como segurança de um bar. Seann só é bom em uma coisa e ele sabe disso: dar porrada nos outros. Depois de uma pancadaria nas arquibancadas de um jogo da segunda divisão, ele ganha a atenção de um caça-talentos. O profissional vê potencial em Seann. Em pouco tempo, ele faz parte dos Halifax Islanders e, como grande parte dos times de segunda, a situação não tá boa. Jogadores velhos demais, ninguém se importa realmente com ganhar ou não e a estrelinha do time muito menos - e ele também nem pode jogar bem se o time não ajuda. Não preciso nem dizer, mas com Seann, tudo começa a melhorar e o time passa a ver a glória de uma ascenção.

O principal conflito de Goon, porém, está em Ross Rhea, um jogador que, assim como Seann, ganhou a fama e habilidade sendo o tank do time. Rhea ainda atua na mesma liga e nada como um novo prodígio pra fazer os da velha guarda ficarem receosos e precisarem defender o seu título ou status como melhor. Naturalmente a briga entre os dois é o ápice do filme e Goon constrói tudo tão bem a tal momento que é impossível não ficar empolgado e se ajeitar na cadeira quando fica claro que a cena vai acontecer. Sensacional.

Queria dizer que você não precisa gosta de esportes pra gostar de Goon mas não garanto. É preciso, sim, entender trabalho em equipe, sentir orgulho de fazer parte de um grupo e, desde que você veja aquele outro cara com o mesmo uniforme seu, saber que ele vai fazer sua função em prol de um resultado positivo.

Nota 8.9

Margin Call (2011)

Direção: J.C. Chandor
Roteiro: J.C. Chandor
País: EUA

Margin Call fala sobre os homens que previram a crise econômica de 2008.

Tudo aconteceu quando, em um dia qualquer, uma empresa financeira despedia 80% de um dos seus setores. O chefe do setor inclusive, Stanley Tucci, é um deles. Minutos antes de ir embora, porém, ele dá um pendrive com todas informações sobre seu atual projeto, que não irá conseguir acabar pois foi demitido. Quem recebe as informações é Zachary Quinto, um dos pupilos de Stanley. Assim que o pendrive é entregado, Stanley diz "tenha cuidado." Curioso, Quinto resolve trabalhar sem parar no projeto enquanto seus amigos Paul Bettany e Penn Badgley saem pra beber pra comemorar não terem sido despedidos. Algumas horas de análise e projeções depois, Quinto chega a uma terrível conclusão. Imediatamente ele liga pros dois e a partir daí começa uma reação em cadeia de cada um ligando pro seu respectivo chefe para alertá-los da situação. Mas de uma coisa todos sabem: vai dar merda.

Com um elenco fortíssimo (Zachary, Penn, Stanley, Paul, que já mencionei, mais Kevin Spacey, Demi Moore e Jeremy Irons), Margin Call consegue passar com sucesso a sensação de "estamos na beira de uma crise econômica." Logo no começo, quando é apenas o trio inicial que sabe das más notícias, dois deles estão num carro voltando pro escritório. Zachary nota as pessoas na rua, na noite, normalmente, se divertindo, como de costume. Ele diz "olha pra essas pessoas, elas não fazem a menor ideia do que vai acontecer." O filme também tem dois discursos marcantes, sobre, digamos, a filosofia da economia, um por Paul e um por Jeremy no final. Afinal, quando se é o primeiro grupo de pessoas a ter informações como estas, certas ações podem (ou devem) ser tomadas, tudo depende da ética. "Temos que fazer a coisa certa" mas "a coisa certa pra quem?".

Nota 8

The Artist (2011)

Direção: Michel Hazanavicius
Roteiro: Michel Hazanavicius
País: França e Bélgica

Aprovado!

George Valentin é uma estrela do cinema mudo. Ele e seu pequeno cachorro são muito carismáticos e, apesar de seu orgulho de estrela o cegar às vezes, é difícil não gostar do ator. Um dia ele encontra uma fã chamada Peppy Miller que lhe prende a atenção. Infelizmente, como todos encontros fugazes e aleatórios, eles se separam e a vida continua. Mas Peppy não desiste. Ela vai atrás de George, num estúdio de cinema e atrai um membro da produção que logo a convida para ser uma extra de um filme. Em pouco tempo, ela encontra George novamente. Ele demonstra interesse em trabalhar com ela (mesmo Peppy não sendo atriz profissional) e, bom, a vontade do ator é suprida. 

Peppy começa a crescer como atriz. Alguns anos depois, uma grande mudança acontece. Os filmes passam a ter sons e vozes. George, antiquado e orgulhoso do seu trabalho, recusa essa evolução. Peppy aceita e dispara em direção ao estrelato. Ela fica extremamente famosa enquanto George, recluso a fazer filmes com seu próprio dinheiro e se aventurando como diretor, é jogado às traças. Então cabe aos dois lidar com essa mudança revolucionária no cinema, assim como, claro, o seu relacionamento. 


Parece de fato estranho ver um filme mudo em pleno 2012. The Artist mostra que é um filme bom é bom indiferente da tecnologia da sua época. Claro, um filme hoje em dia onde ninguém fala é muito incomum e talvez incômodo de se assistir pra muita gente. Mas logo que a música começa, entra-se no filme e percebe-se com clareza as intenções, pensamentos e opiniões de cada personagem. 

Eu daria 7 e alguma coisa pro filme mas tem uma cena em particular que é simplesmente genial. A cena do sonho do George. Excelente ideia. Dando 8 só por ela.

Nota 8

Sobre o GG 2012: Concordo com melhor ator e melhor trilha sonora. Ganhou também melhor comédia ou musical... Fico feliz que tenha ganho de Midnight in Paris, mas eu gostei tanto de Bridesmaids e 50/50. Principalmente 50/50. Bem, entendo que apesar de ser muito bom, não é material pra GG. Enfim. Perdeu atriz coadjuvante pra The Help, não vi então não comento. Diretor pra Scorsese, faz total sentido. E roteiro pro Woody Allen. Também faz sentido, o roteiro é o melhor do filme dele e, afinal, é o Woody.

Sherlock Holmes: A Game of Shadows (2011)

Direção: Guy Ritchie
Roteiro: Michele Mulroney e Kieran Mulroney, baseado em obra de Arthur Conan Doyle
País: EUA

Melhor do que o primeiro.

No segundo filme da saga de Guy Ritchie, com os excelentes RDJ e Jude Law, enfim encontramos o famoso personagem do Professor Moriarty, considerado pelo próprio Holmes como "o Napoleão do crime" e retratado de forma digníssima por Jared Harris (Fringe, Mad Men). Ele encaixa perfeitamente o perfil de vilão britânico. Em A Game of Shadows, Sherlock se depara com seu maior caso até hoje. Ele percebe ligações entre eventos internacionais diversos e nota que tudo beneficiaria, a longo prazo, o tal professor. Logo então Holmes percebe que Moriarty é, bem, exatamente como ele: inteligente, lógico, planejador, manipulador, carismático e todas aquelas características que bem sabemos que Hous-, digo, Holmes tem. 

A ação funciona muito bem, assim como a comédia. Infelizmente aquela linda da Rachel McAdams aparece pouco. O filme também é mais fácil de entender do que o primeiro, não tem tantos plot twists e o extenso uso de primeirrísimos planos enfoca todos os detalhes que a audiência precisa perceber. E o final é ótimo.

Nota 8.9

Julho, Agosto, Setembro, Outubro POST 3

E provavelmente o último dessa série. E com dobradinha Gosling.

50/50

Seth Rogen e Joseph Gordon-Levitt. Anna Kendrick e Bryce Dallas Howard. Dramédia. Baseado em fatos reais.

Seth Rogen faz ele mesmo. Um dia um amigo dele falou que estava com câncer e tinha 50% de chances. Rogen recomendou que ele escrevesse um roteiro a respeito. O amigo o fez e o resultado é 50/50. 

Pouca comédia, o que é bom quando se trata de, né, um assunto sério e baseado em fatos reais. O drama funciona muito bem e o climax do filme é realmente tenso e emocionante. Vai fazer você reavaliar sua amizades com pessoas queridas.

Nota 8.4

The Ides of March

Lembro de quando ouvi falar desse filme pela primeira vez. Foi, na verdade, quando vi esse pôster, enorme, num cinema. Minha primeira impressão foi: parece ótimo. E de fato é.

Clooney dirige ele mesmo, Ryan Gosling, Paul Giamatti, Philip Seymour Hoffman, Evan Rachel Wood e Marisa Tomei. Baita elenco. Como indica o cartaz, é sobre a campanha de dois políticos que concorrem pela presidência americana. Curiosamente, o segundo candidato (Clooney é um) mal aparece, pois o filme foca mais nos bastidores e em Gosling, novato no negócio mas que sabe muito bem como o sistema funciona.

Excelente drama político. E uma recomendação indireta: veja se você gosta de poker.

Nota 8.6

Drive

A REAL HUUUMAN BEEEING. Esse sim! Que filme!

Gosling faz um dublê de Hollywood especialista em carros e perseguições. No seu tempo livre, ele gosta de ser contratado por criminosos pra ser o motorista de fugas. Sua vida é isso. Então ele conhece uma vizinha, Carey Mulligan, AQUELA LINDA. Seu namorado está na cadeia e ela tem um filho. Pela falta de afeição na vida nos dois, ambos começam a se ver e ter uma relação bonita. Um dia, um de suas fugas dá errado e, resumo dos fatos, ele agora está sendo perseguido por quem não deveria. Então os dois tem que lidar com isso e também com o namorado de Carey que eventualmente sai da cadeia.

Drive é surpreendemente violento (e gráfico), o que é ótimo. O clima dos anos 80 funciona perfeitamente, por causa da excelente trilha sonora. As atuações estão boas, assim como o roteiro. E o filme é tenso. Tudo se encaixa. Vejam!

Nota 9.4

Minha experiência com Drive, no TIFF: Drive estreiou no festival internacional de Toronto e, apesar de não ter conseguido ingresso pra vê-lo durante a premiação, eu estive lá e vi alguns dos atores principais. Eu estava esperando, vocês já devem saber, a Carey Mulligan, mas depois descobri que ela estava (e ainda está ) filmando The Great Gatsby, na Nova Zelândia. 

Mas vi o Ryan Gosling e consegui autógrafo do Bryan Cranston. Foi engraçado e divertido. Tapete vermelho, de um lado fãs e mais fãs, do outro a imprensa. Eles chegavam, tiravam fotos oficiais logo no começo e depois iam pro corredor. Alternavam entre as duas seções.  Numa das vezes que as fãs histéricas (nem tanto) gritaram RYYYAAAAN, enquanto ele estava dando alguma entrevista, ele se virou pra gente e abriu os braços como alguém querendo uma explicação e falou sorrindo "Whaaaaat?" Muito divertido. Impossível não gostar dele ator, fico muito feliz que esse ano tenha sido ótimo pro mesmo. 

E sobre Cranston, ele parecia, assim como parece nas entrevistas, um cara muito de boa e humilde, extremamente diferente de Walter White. Foi um inferno conseguí-lo perto, pois os dois tem o nome muito parecido (Bryan e Ryan) então ele sempre achava que estávamos se referindo ao Gosling, haha. Quando o entreguei o pôster pra ele assinar, ele perguntou "Who is this badass person?" rindo. 

Foi uma ótima noite.

Julho, Agosto, Setembro, Outubro POST 1

Então, como tenho enrolado muito pra postar aqui, e não tenho o que falar sobre os filmes que vi faz tempo, vou fazer uma série de posts grandes comentando tudo que vi nos últimos meses (que ainda não foi postado aqui). Depois disso, com sorte, volto aos posts normais.


Midnight in Paris

 Divertido! A ideia do filme é clássica. Todo mundo que eu conheço já pensou alguma vez na vida "queria ter nascido há algumas décadas atrás." A gente olha pra juventude de hoje e pensa "antigamente, sim, os jovens sabiam viver!". Eu gosto da atualidade, mas adoraria ter vivido nos anos 60, 70 ou 80. Talvez até antes.

Enfim, em Midnight in Paris, Owen Wilson faz o papel de um escritor, que está na França com Rachel McAdams, sua parceira. Owen é apaixonado pela capital francesa mas mais pela sua história do que qualquer coisa. "Imagina os anos 20 aqui em Paris!", ele pensa o tempo inteiro. Então, numa noite aleatória, ele resolve festejar com uns estranhos e, boom, viagem no tempo. Ele de repente se encontra nos anos 20. E lá encontra todo tipo de pessoa famosa que admira (Hemingway, Dali, Picasso, Buñuel, T.S. Eliot, Gauguin...). É, só citando essa lista já deu vontade de ir pros anos 20. Ele conhece também Marion Cotillard (AQUELA LINDA) e ela traz uma questão pertinente ao filme. Talvez quem viveu os anos 20, por exemplo, tenha detestado a década. Talvez eles queriam ter nascido alguns anos atrás, porque afinal, the grass is always greener on the other side.

Nota 7.7


 Crazy, Stupid, Love

 Amor! Esse filme eu queria ver faz meses antes de ser lançado, principalmente pelo elenco. Steve Carrell, Julianne Moore, Emma Stone e Ryan Gosling. Semanas antes da estreia, aqui em Toronto, este cartaz maravilhoso estava em todos os lugares. Como não amar?!

Steve Carrell e Julianne Moore estão com problemas no casamento. Ryan Gosling é o bonitão que só pensa em sexo. Até que ele se apaixona por Emma Stone (dá pra culpá-lo?). E o filme também lida com amor adolescente, apaixonar-se por alguém mais velho e tudo mais. Duas cenas em particular são lindas (a noite de Emma e Ryan e a ligação da Julianne pro Steve).

Nota 8.4

One Day

 Meh...

O cartaz é bonito e a ideia é legal, mas é só isso.

Anne Hathaway (essa linda) e Jim Sturgess se conheceram no último dia de faculdade e a partir de então começaram uma relação interessante.

Todo ano, no mesmo dia, eles conversam. O problema é que, ano após ano, fica tudo muito chato. Fica naquele "vão ou não vão?" e mesmo quando a resposta está clara, não tem quase nada acontecendo no fundo do filme. Jim ficou bem mas o sotaque da Anne tá forçado. Em geral, fraquinho.

Nota 5.5

Bridesmaids (2011)

IMDb: Bridesmaids
Direção: Paul Feig
Roteiro: Kristen Wiig e Annie Mumolo
Pais: EUA

Um dos primeiros filmes que vi aqui no Canadá foi um chick flick. Você se pergunta, por quê? Em primeiro lugar, Bridesmaids é do Paul Feig, escritor e diretor de vários episódios de The Office, Freaks & Geeks e Arrested Development. Em segundo lugar, todo o mundo da comédia estava falando bem desse filme. Então decidi ir e não saí decepcionado.

Bridesmaids fala da amizade entre Annie e Lillian, BFFs, blá blá blá. Lillian tem um namorado e Annie é a solteirona. Então Lillian vira noiva e Annie tem que lidar com as bridesmaids (ela sendod uma, claro). Temos os exemplos clássicos de mulheres adultas e casadas: uma só teve um homem na vida e nunca experimentou nada fora do comum. Outra tem filhos, detesta ser mãe e quer mudanças. Outra (Rose Byrne, aquela linda) é rica e quer roubar a noiva das outras amigas. E, entrarei em detalhes sobre a última logo, a gorda (Melissa McCarthy) que não tem a ver com o assunto e rouba o filme.

PROS

- Parte do elenco. Rose Byrne e Jon Hamm pra ser mais específico. Os dois estão ótimos.

- Algumas cenas em particular. A da viagem de avião, a de quando elas sofrem de intoxicação alimentar numa loja de vestidos, a de Annie e não lembro quem mais tentando deixar um policial irritado...

- Melissa McCarthy. O personagem dela é genial. Qualquer um que gostou do filme vai falar que ela é destaque.

CONS

- O de sempre. Clichês hollywoodianos and all that jazz.


É uma boa comédia, deu pra rir bastante. Recomendo mais para as mulheres, né.

Nota 8.2

Não me Abandone Jamais (2010)

Título Original: Never Let Me Go
Direção: Mark Romanek
Roteiro: Alex Garland baseado em livro de Kazuo Ishiguro
País: UK / EUA

OK, this is a big one. Esse é um filme que quero ver há mais de 4 meses, por dois motivos, basicamente. Primeiro, o elenco. Carey Mulligan pra ser mais exato, apesar de gostar muito do Andrew Garfield e (um pouco menos) da Keira Knightley. Fiquei sabendo do filme provavelmente pelo Tumblr, vendo algumas imagens dos três. Fui me informar, vi que era baseado num livro de um japa (Kazuo Ishiguro) e comecei a pesquisar sobre a obra. Pela capa e cenas do trailer, eu já fiquei muito interessado. Percebi que era daqueles filmes/livros que eu tinha certeza que ia gostar. Então, após ler várias reviews boas e comentários positivos de um amigo meu (que me disse que o Kazuo escreve em inglês), eu resolvi comprar o livro na língua original. E, depois de muito enrolar, como sempre, eu terminei de ler. E, novamente, agora já por saber como tudo acontece, enrolei mais ainda pra ver o filme, por achar que talvez nunca estivesse preparado, hah. Mas enfim.

Never Let Me Go (recuso-me a botar em português, nenhuma tradução é fiel o suficiente) fala sobre uma menina, Kathy (Carey), e seus dois amigos Tommy (Andrew) e Ruth (Keira). Desde sempre, eles estudam no mesmo colégio, uma espécie de orfanato pois todos moravam lá. Eles não tinham nenhum contato praticamente com o mundo exterior e os professores de Hailsham (o nome do local) os tratavam como as crianças mais importantes do mundo. É tudo sempre um pouco suspeito, diferente do normal, quase todo mundo dá olhares de pena para as crianças, mas, claro, são todos tão jovens e eles não se importam. Mas então um dia uma professora relativamente nova em Hailsham resolve falar. Vou falar a cena a seguir como ela é descrita no livro, muito diferente do filme, pois ficou bem melhor assim.

Chove e vários alunos (assim como essa professora) estão em baixo de um toldo, a caminho de um campus para outro de Hailsham, basicamente. A professora está inquieta e estressada. Os alunos nem percebem o estado dela e levam conversas normais. Uma das crianças comenta que adoraria ir pra Hollywood quando crescer e virar uma atriz famosa. A professora imediatamente começa a prestar a atenção e na hora fica muito triste. Então ela liga o "foda-se" e diz. Ela fala que nenhuma das crianças de Hailsham vão virar adultos. Que quando chegar certo ponto, todas doarão orgãos vitais para o benefício de outras pessoas. Que é esse o propósito delas e de Hailsham, já está tudo programado, não existe outra opção. Claro, as crianças ficam absurdamente chocadas com as informações. Com o passar do tempo, elas também percebem que são clones. Clones feitos unicamente com esse objetivo, doação de orgãos, enquanto o seu original, está no mundo lá fora, com uma vida normal.

A infância acaba e todos viram adolescentes. Onto the next step... Todos devem se mudar de Hailsham e ir para escolas já mais direcionadas para, né, a preparação do que virá a seguir. Tommy, Kathy e Ruth conseguem ir os três para o mesmo lugar. Então ali elas ficam sabendo de um rumor interessante. Nessa época, Tommy e Ruth estão namorando, apesar de Tommy gostar mais de Kathy (e ela gostar dele), foi Ruth quem teve a iniciativa e ela quem se deu bem. Um casal experiente da segunda escola (Cottages, me acostumei com esse termo) menciona a adiamento. É basicamente o seguinte: se um casal dessas casas conseguisse provar que estivesse apaixonado um pelo outro, o pessoal os daria alguns anos para, you know, viverem e serem felizes, ao invés de começar a doar orgãos logo de cara. É a ideia romântica perfeita. Vamos ter uns anos juntos para depois dizer adeus. Infelizmente nenhum dos três protagonistas tinha ouvido falar disso mas o conceito de adiamento ficou na cabeça deles. E é basicamente em função disso que ficam em função os nossos protagonistas: esperança e a incessante busca de sentido nessa existência maldita.

Não vou comparar muitas cenas entre os dois, em algumas, como sempre, o filme foi muito pior (a cena que citei da professora desabafando, no livro também tem uma cena da Madame interrompendo uma dança com a almofada de Kathy escutando o toca-fita) mas em outras ganhou meu respeito (a segunda ou terceira doação de Ruth, o grito do Tommy perto do final). E o final. Tava tudo indo tão bem, mas mudaram as palavras. A moral do final do livro vocês podem ler no final desse post e ela é, apesar dos pesares, algo como "life goes on" e o filme tem uma vibe mais Blade Runner. "But then again, who does?"


Nota 8.6


BTW, essa capa é a do livro, mais bonita do que qualquer pôster do filme.



"I was thinking about the rubbish, the flapping plastic in the branches, the shore-line of odd stuff caught along the fencing, and I half-closed my eyes and imagined this was the spot where everything I'd ever lost since my childhood had washed up, and I was now standing here in front of it, and if I waited long enough, a tiny figure would appear on the horizon across the field, and gradually get larger until I'd see it was Tommy, and he'd wave, maybe even call. The fantasy never got beyond that --I didn't let it-- and though the tears rolled down my face, I wasn't sobbing or out of control. I just waited a bit, then turned back to the car, to drive off to wherever it was I was supposed to be."

O Concerto (2009)

Título Original: Le Concert
Direção: Radu Mihaileanu
Roteiro: Radu Mihaileanu baseado em estória de Héctor Cabello Reyes e Thierry Degrandi
País: França / Itália / Rússia / Bélgica / Romênia

Bonito e divertido.

A primeira cena do filme fala bastante sobre o mesmo. Ensaio de uma orquestra. O maestro lida tudo perfeitamente. Até que um celular começa a tocar e percebemos que o maestro na verdade é um faxineiro que atrapalha o ensaio. Alexei era um regente de orquestra e tinha a música clássica como sua maior paixão. Infelizmente, a cultura do seu país teve problemas com o Comunismo e ele foi expulso do seu trabalho. Ele, assim como todos os seus amigos da orquestra, ficaram desempregados e tiveram que se virar pela vida. 30 anos depois, surge uma oportunidade deles tocarem novamente. Em Paris.

O engraçado é que a orquestra toda é composta por um bando de velho que só pensa em beber e ganhar uns dinheiros por aí, lol. Mas, né, todos apaixonado pela boa música de Tchaikovsky. O Concerto tem umas piadas hilárias e a devoção dos personagens é realmente tocante. "Palavras traem. Somente a música é pura e verdadeira." Reflita. Also, o filme tem aquela linda da Mélanie Laurent, de Bastardos Inglórios.

Vale a pena.

Nota 8.4

O Orfanato (2007)

Título Original: El Orfanato
Direção: Juan Antonio Bayona
Roteiro: Sergio G. Sánchez
País: México / Espanha

Ótimo suspense.

Laura cresceu num orfanato com várias outras crianças, até o dia em que foi adotada por uma família feliz. Muitos anos depois, ela já casada decide voltar e criar seu próprio orfanato lá, para crianças incapacitadas. Mas o filho dela, autista com alguns amigos imaginários, começa a ter visões das antigas crianças que moravam lá e, depois de alguns dias na casa nova, desaparece por muitos meses. Então o filme mostra Laura atrás do filho.

Gostei de O Orfanato pois ele é tenso e bem assustador e isso que procuro num suspense. Also, o plot twist do final (inerente a todo suspense) me surpreendeu de tão simples e funciona perfeitamente.

Nota 8.5

O Escritor Fantasma (2010)

Título Original: The Ghost Writer
Direção: Roman Polanski
Roteiro: Roman Polanski baseado em livro de Robert Harris
País: França / Alemanha / UK


Você deve saber o que é um escritor fantasma. O wikipedia resume bem: um escritor profissional que é pago para escrever livros, matérias, blá, creditados à outra pessoa. Nesse filme, Ewan McGregor é contratado para ser o escritor fantasma de Pierce Brosnan, um político importatíssimo da UK. Mas, claro, o ex-escritor fantasma do cara se matou (ou não) e Ewan logo percebe que se meteu numa baita merda, que Pierce é um war criminal, etc.

Ao todo, O Escritor Fantasma é muito bem trabalhado. E o plot twist do final não é absurdo e caiu muito bem. Um ótimo suspense!

Nota 8