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Gatinhas e Gatões (1984)

Título Original: Sixteen Candles
Direção: John Hughes
Roteiro: John Hughes
País: EUA

Arrumando falhas culturais. John Hughes já morreu faz anos e eu ainda não vi nenhum filme dele. Bom, antes tarde do que nunca. Pretendo ver todos filmes relevantes dele e um dia Sixteen Candles (fala sério esse título brasileiro) tava passando no Telecine Cult. Vi o começo mas tive que parar. Quando tive a oportunidade, baixei e terminei.

Molly Ringwald (essa LINDA do cartaz) é uma típica moça de 15 anos. Então chega o seu sweet sixteen e, bem, as coisas não mudam muito, não. E isso a deixa muito decepcionada. É tudo típico, aliás. Ela tem uma irmã mais velha que vai casar e um irmão mais novo que só enche o saco. A família tá sempre ocupada. Ela tem uma ou duas BFFs e é apaixonada pelo jock que nunca lhe dá atenção. O filme então conta sobre essas relações que ela tem. Família, amigas, colegas, nerds que gostam dela...

É engraçado sentir "saudade" ou "nostalgia" dos anos 80 sem ter vivenciado aquela época (sou de 85 mas ). Tudo era diferente back then (bem, muita coisa) e ainda assim, eu, um cara em pleno ano 2011, consegui me identificar bastante com essa jovem de 16 de décadas atrás. Isso só prova como o John Hughes conseguiu capturar a essência daquela geração.

Viva os anos 80!

Nota 9.2

Os Intocáveis (1987)

Título Original: The Untouchables
Direção: Brian de Palma
Roteiro: David Mamet, Eliot Ness e Oscar Fraley
País: EUA

And now for something completely different: arrumando falhas culturais.

Brian de Palma com Sean Connery, Kevin Costner, Andy Garcia e ninguém menos que De Niro interpretando Al Capone. Um daqules filmes onde os policiais bonzinhos se fodem e precisam burlar a lei para serem eficazes. Works like a charm. O

Os Intocáveis fala sobre a lei seca nos EUA e como, no começo desse período, famílias mafiosas de todos os lugares iniciaram sua dominação nas cidades. No filme, Al Capone já é todo-poderoso, diferente de como é retratado em Boardwalk Empire, um seriado (SENSACIONAL) da HBO que trata do mesmo assunto. Kevin é o policial bonzinho e é ajudado por Sean Connery, um old school que sabe como se deve lidar com esses mafiosos de hoje em dia. Eles botam Andy Garcia no meio e é aí que começa a caça aos gangsters.


Um daqueles filmes onde não tem nada errado. E é de mafia. Enough said.

Nota 9.4

2001: Uma Odisséia no Espaço (1968)


MINDBLOWNINGLY EPIC.


Sim, antes de mais nada, sou forçado a começar com o seguinte: eu nunca tinha visto 2001. How's that for a falha de um cinéfilo? Ainda existem zilhões de clássicos que ainda não vi (o que me fez criar o nome dessa sessão, aliás) e eu os verei, eventualmente. Não sei por que raios eu resolvi ver 2001 agora mas, oh Dear God, ainda bem que eu o fiz. Ninguém pode se considerar um fã de ficção científica se nunca viu esse filme. Muito menos um fã de Kubrick. 2001 é icônico, histórico e inesquecível. Tudo, agora, pra mim, mudou. Não faço nem ideia por onde começar. Eu ia só dar a nota, mas seria injustiça. Bom, pra mim, o filme claramente é dividido em três partes. The Dawn of Man, a metade e Jupiter and Beyond the Infinite. Assim, então, farei três parágrafos principais; um sobre cada.

2001 começa numa época interessante; quando a raça humana nem existia ainda. E é nesse pedaço que o filme tem algumas de suas cenas mais marcantes (citarei duas). Uma delas sendo momento também histórico para as espécies. Quando é descoberta a "tecnologia", no sentido de algo que ajude e melhore. No caso, a arma. Um dos primatas analisa uns ossos de alguma presa morta. Ele pega um osso e começa a brincar com ele. Bate com ele nos outros. Faz uma bagunça. Essa é a primeira cena famosona. Todo mundo já a viu. Então um dia, quando ele e seu grupo se vê em confronto com uma outra "gangue", ele resolve usar a arma, digo, osso em um dos inimigos. E, vejam só, ela se prova totalmente eficaz! Vitorioso, o primata "líder" atira o osso pra cima, em êxtase! E aí vem a segunda cena clássica de The Dawn of Man. Vou me adentrar um pouco mais nessa parte. Existe algo no cinema chamado elipse. É quando resolvem não mostrar algo, mas todo mundo sabe que aconteceu, basicamente. Se em uma cena tem duas pessoas duelando, ouve-se um tiro e, na outra cena, mostra um funeral, fica-se entendido de que alguma morreu. Um corte que separa dois takes. Em muitos filmes, usa-se disso para mostrar que o tempo passou. Às vezes comentam "10 anos depois", às vezes não e a gente "tem que adivinhar." Em 2001, acontece a maior elipse em tempo passado entre um take e outro já feita (possivelmente). Como eu disse, o primata joga o osso pra cima e, em câmera lenta, o vemos subindo. Quando ele atinge sua altura máxima e começa a cair, acontece o corte e logo vemos o espaço, onde uma nave faz um movimento similar a uma queda. Um lance de câmera na verdade, fazendo com que a nave parecesse cair. Notou a elipse? Milhares e milhares de anos se passaram entre aquela vitória dos primatas, onde possivelmente pela primeira vez uma espécie usava de alguma "ferramenta" para conseguir seus objetivos, e a atual nave espacial, extremamente tecnológica e complicada. E então, no espaço, começa a segunda parte do filme.

É, sem dúvida, o pedaço mais normal de 2001. Nem por isso, longe disso, a pior parte. A humanidade está numa missão a Júpiter e a tripulação conta com dois astronautas e um computador com IA novíssimo. AKA HAL 9000, da série de máquinas que jamais cometeram erro algum. Existem três outros astronautas na espaço-nave, mas eles estão em estado de hibernação, com propósito de poupar alimentos e relativos. Bom.. até aí tudo normal, apenas uma missão espacial. Então HAL comunica que previu a falha de tal mecanismo da nave e recomenda o seu imediato concerto. Um dos astronautas vai fora da nave e cata o pedaço para análise. Nenhum sinal de erro ou defeito. Eles entram em contato com a Terra e lá, depois de também analisarem a peça, ninguém acha nada errado. Nem mesmo outro computador da série HAL. A partir daí, os dois astronautas começam a suspeitar das decisões de HAL 9000. E, sim, o computador se volta contra eles. Não contarei o que acontece, mas o final dessa parte é triste. Novamente, memorável.

Então, enfim, a nave e um dos astronautas chegam em Júpiter. Essa sem dúvida é a parte mais.. estranha do filme, digamos. 25 minutos finais sem diálogo algum (assim como os 25 iniciais de The Dawn of Man). O homem chega lá e, sozinho, se vê mais velho. E, minutos depois, mais velho ainda. O astronauta se encontra comendo, em uma mesa. Acidentalmente, deixa um copo cair. O copo se destrói, o vinho permanece no chão. Ele olha pra cama e se vê mais velho. Então, enfim, seu corpo não está mais lá. Aquele recipiente. Somente seu ser, sua presença, está no quarto. A essência e ela busca a sua casa; o local de onde veio. A Terra. E assim acaba 2001.


Falar que Uma Odisséia no Espaço é visionário é pouco. O filme contém detalhes, e partes indispensáveis para a sua compreensão inclusive (notaram que eu nem mencionei o monolito?), que eu nem citei aqui. Não faz diferença, todos são geniais. Uma obra de arte impecável. Minha vida não será completa até eu ter esse cartaz que postei no meu quarto.


Uma curiosidade relevante: Na sua primeira exibição, 241 pessoas foram embora no meio do filme. Ninguém entendeu porra nenhuma. Arthur C. Clarke, que escreveu o filme junto com Stanley Kubrick, disse que "se você entendeu 2001 por completo, nós falhamos. Queríamos mais levantar questões do que respondê-las." Kubrick também disse que "todos são livres para interpretarem o que quiserem de 2001."

Nota 10

Jerry Maguire (1996)

Título Original: Jerry Maguire
Direção: Cameron Crowe
Roteiro: Cameron Crowe
País: EUA


Ótimo drama de esportes.

Jerry Maguire (Tom Cruise) é um gerente de esportes. O que isso quer dizer? Significa que ele toma conta de vários jogadores profissionais dos mais variados tipos possíveis. Ele é ambicioso e muito bem-sucedido. Porém, um dia, um dos seus principais jogadores se machuca durante uma partida. Pela quarta vez. Depois do choque, eles notam que não era algo tão sério e Jerry, naturalmente, já fica louco para que o cara volte para os campos. Mas a família do jogador não compartilha esse ponto de vista. "É muito perigoso." Então o protagonista começa a pensar que talvez ele não esteja fazendo um trabalho muito bom. Talvez ele devesse se importar mais. Ter menos clientes e menos trabalho. Qualidade sobre quantidade.

Mas ninguém compartilha essa visão e Jerry é despedido em pouco tempo. Dorothy (Renée Zellweger) trabalha no mesmo lugar e resolve seguir Tom Cruise, admirando e se apaixonando pelo cara. A partir daí eles procuram clientes novos ou então manter, nessa nova "empresa", jogadores interessantes. Ele acabam conseguindo continuar com Rod (Cuba Gooding Jr.), um profissional de futebol americano. O que rendeu um Oscar para o Cuba, inclusive. O personagem dele é genial, é um mano bem estranho. Eu nunca tinha visto o Cuba interpretar um mano, pra ser sincero. E ficou muito engraçado e legal.


Pra ser sincero, até metade do filme, eu não tava dando nada demais. Mas a forma como o Cameron Crowe conseguiu botar a parte do esporte no filme (I mean, o filme fala sobre o gerente) me cativou bastante e deixou Jerry Maguire bem emocionante. Ótimo papel do Cruise, meu favorito do Cuba e talvez meu favorito também da Renée.

Nota 8.2

O Balconista (1994)

Título Original: Clerks
Direção: Kevin Smith
Roteiro: Kevin Smith
País: EUA


Um post mais do que especial. Aqui inicio um novo grupo de filmes. Filmes obrigatórios (e, na sua grande maioria, geniais) que, sim, eu nunca vi antes. Vou tagear esses posts como "arrumando falhas culturais." E, putz, não poderia ter começado melhor. Que filme bom!

Dante e Randal são amigos que trabalham muito perto um do outro. Dante em uma loja de conveniências e Randal em uma locadora de vídeos, em prédios vizinhos. O filme começa com Dante recebendo uma ligação informando que ele vai precisar trabalhar hoje. Ele vai, claro, já mau humorado. Um tempo depois, Randal chega para conversarem e matar tempo. E o resto do filme conta como foi o dia deles.

O Balconista lida com situações cotidianas de, bem, pessoas que trabalham atrás do balcão, no caixa, lidando com clientes. Não são as histórias de como o atendente de tal loja te tratou mal ou whatever, e sim de clientes peculiares. Naturalmente, eles conversam sobre tudo durante o trabalho. E isso é o destaque desse filme: os diálogos. São geniais. Sabe quando você resolve fazer algo, qualquer coisa, e uma pessoa cita todos os contras e lhe deixa pensando coisas como "hm, realmente, são argumentos válidos.. e agora?"? O Balconista é cheio dessas conversas. São coisas que faltam no mundo, sinceramente. Ninguém diz "você não deveria fazer isso por isso e por aquilo", as pessoas acham que cada um sabe julgar bem o que é melhor para si e para os outros e cada um fica na sua.

Dante é o cara dos dilemas, das reclamações, introspectivo. Randal é a voz interior dele. O lado que diz: que se foda, ninguém se importa, just do it. Tem uma cena que exemplifica muito bem isso. Quando Dante acorda, o chefe dele diz pelo telefone que estaria na loja ao meio-dia e que aí Dante poderia ir embora. O chefe não aparece e o protagonista tinha um jogo de hockey às 14h. No horário do jogo, nada do chefe e os jogadores já estão na loja, pois eles vão jogar num lugar ali perto mesmo. Dante então decide fechar por alguns minutos, "eu nem deveria estar aqui hoje mesmo." Quando está fechando, ainda dentro da loja com Randal, chega um dos jogadores e pede um Gatorade, de graça. Dante hesita, fala que se der pra ele, teria que oferecer para todos os outros também. O cara diz que, porra, um só, grande merda. Randal então apóia o cara. Já vai fechar a loja mesmo, se é pra ser irresponsável, que seja direito. E então Dante fica nesse dilema, por alguns segundos até se decidir.


O Balconista é cheio de diálogos assim. É aquele tipo de filme que você só não diz que é perfeito, pois pessoalmente não gostou de tais cenas comparado à outras. Mas no fundo você sabe que você é o problema. Dá vontade de rever agora mesmo. Mas verei o 2 em breve, aguardem.


Nota 9.8