Roteiro: Noah Baumbach e Greta Gerwig
País: EUA
"Quero este momento especial. É o que quero em um relacionamento... E é o que pode explicar o porquê de eu estar solteira agora. (...) É aquela coisa de quando você está com alguém e você o ama e ele sabe disso e ele te ama e você sabe disso, mas vocês estão em uma festa e os dois falando com outras pessoas e você está rindo e feliz e você olha para outro lado da sala e cruza com o olhar do outro, mas não porque você é possessivo ou por ser sexual mas porque aquela é a sua pessoa nesta vida. E é engraçado e triste, mas só porque esta vida vai acabar, e é este mundo secreto que existe ali em público, sem ser notado, e que ninguém mais sabe. (...) Isso é o que quero em um relacionamento."
O filme que define a geração Girls. Mais ou menos.
Por que esse pessoal branco, artístico, liberal e de classe média sempre mentem pra quem amam falando que estão bem quando não estão? Meio que fazendo parte desse demográfico, eu me identifico com Frances Ha. Todo esse espectro de problemas: relacionamentos, roommates, amigos distantes, aluguel, falta de dinheiro, satisfação pessoal, conquistas profissionais e todo o resto.
Essencialmente, Frances Ha é uma comédia. Uma comédia completamente cheia de esperança, graças à Greta Gerwig, que faz Frances e também co-escreveu o filme junto com o famoso diretor hipster Noah Baumbach. Funciona tudo bem, pelo menos na primeira metade do filme. Durante um tempo, Frances discute com sua melhor amiga porque, é claro, elas estão virando aquilo que justamente fazem piadas sobre e desprezam (a amiga arranja um namorado rico e ignora Frances). A nossa então esperançosa e feliz protagonista fica subitamente sozinha e começa a tentar socializar e ser aceita por diferentes tipos de pessoas. Humor de vergonha alheia, sim, mas doloroso de ver. Felizmente o filme não foca muito no quanto "não sucedida" a Frances é comparado com, sabe, as pessoas normais que ela tenta conversar com.
Uma cena em particular me chamou a atenção. Frances (e Greta) são de Sacramento mas moram em NYC (óbvio). Enquanto Frances está sem Sophie (a melhor amiga), a protagonista visista a sua cidade natal. Ela então tem alguns dias "normais" com a sua família "feliz." Então os dias acabam e ela está indo embora no aeroporto enquanto sua família a acompanha. O filme passa uma sensação de casa vazia, pois vemos Frances crescendo como pessoa e viajando, o que naturalmente acontecendo quando ela se formou e resolveu sair de Sacramento, mas não por instinto ou sobrevivência e sim por escolha. Ela escolheu se mudar para o Brooklyn e é claro que isso fez com que ela amaduresse e se tornasse mais independente e responsável, mas nessa cena quando ela está voltando pra NYC, ela não está particularmente feliz nem triste. Ela sabe que ela não mora mais com a melhor amiga, as coisas não são mais como antes, ela está sozinha agora, bem, não sozinha, ela mora com uns caras legais, mas esse sentimento de não pertencer existe, o mesmo sentimento que provavelmente fez com que ela saísse de Sacramento da primeira vez. Qual é o propósito disso tudo, afinal?
Frances Ha passa sentimentos muito bons (e ele também aparece muito atraente) mas no final você se sente vazio porque foi tudo tão superficial. Eu esperava, num filme que relata a sociedade atual de uma forma tão boa, um pouco mais de existencialismo. Ou talvez seja exatamente por isso que não teve nenhuma menção a respeito.
Nota 7.5
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